Opinião

Com sabatinas esvaziadas, Natuza Nery brilha mais que candidatos

Jornalista foi muito bem na mediação das entrevistas, mesmo que não tenha concluído a missão


Natuza Nery
Natuza Nery brilhou na sabatina da Central das Eleições

Se um cidadão do mundo, que não conhece nada do Brasil, assistisse as sabatinas da GloboNews na Central das Eleições com três dos candidatos a presidente nesta semana e ele fosse questionado quem se saiu melhor, a resposta certamente seria uma só: Natuza Nery. Numa rodada de entrevistas esvaziada com a presença de Simone Tebet (MDB), André Janones (Avante) e Ciro Gomes (PDT), e que não conseguiu levar os líderes nas pesquisas mais recentes, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), a jornalista brilhou intensamente e muito mais que os candidatos.

O formato adotado pela GloboNews não ajudou, é verdade. Com quatro longos blocos em que os comentaristas da emissora se revezavam na bancada para entrevistar os candidatos, o que se viu foi uma discussão modorrrenta  com políticos que queriam desesperadamente usar um espaço raro na TV e falar sem parar. E pior, na maior parte das vezes, sem um contraponto dos próprios profissionais da Globo, que se limitavam a fazer perguntas sem balancear ou desmentir respostas com possíveis inverdades.

Neste cenário em que o programa durou 3 horas e 23 minutos para cada um dos três candidatos, mais do que as 2 horas e 45 minutos previstos inicialmente. Natuza teve que ser habilidosa para segurar o rojão e manter o interesse da audiência. Na primeira noite, ela foi tão bem que a Central das Eleições elevou o Ibope da GloboNews, embora tenha sofrido queda no dia seguinte.

Enquanto os candidatos que toparam participar, mas que não aparecem bem posicionados nas pesquisas queriam aparecer o máximo possível, coube a Natuza levar o equilíbrio para o telespectador, com comentários pontuais e momentos inesquecíveis, como a lembrança de Cristiana Lôbo, falecida em 2021 e que foi homenageada por ser a primeira vez na história da emissora em que uma cobertura eleitoral não contou com a presença dela. 

Natuza Nery mandou bem

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Mas ela foi mais do que isso e também soube ser firme com os entrevistados, mesmo que tivesse de dar um puxão de orelha em André Janones por falar demais ou até enviar uma indireta para Lula e Bolsonaro, após os candidatos se recusarem a responder o convite da emissora para participarem da sabatina. Em ambos os casos, no entanto, foram tapas com luva de pelica e uma rara elegância de ser num momento em que o jornalismo sofre com um popular quase vulgar.

Infelizmente, Natuza perdeu a chance de terminar com chave de ouro sua missão. Ela não pôde mediar a sabatina com Ciro Gomes, na última quarta-feira (27) e explicou seu afastamento menos de uma hora antes do programa começar. O pai da jornalista faleceu e ela teve de ser substituída às pressas por Andréia Sadi. Num momento de dor e de luto, um dos poucos consolos da jornalista é saber que cumpriu muito bem seu papel e brilhou mais do que os candidatos na sabatina.

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