Publicado em 14/11/2022 às 18:42:00,
atualizado em 14/11/2022 às 18:42:20
Cássia Kis denunciou alguns nomes do elenco de Travessia por assédio moral ao compliance da Globo. A denúncia foi feita no final da semana passada, onde ela também aponta discriminação por conta de seu posicionamento político e religioso e pede providências da empresa.
Segundo uma fonte ouvida pela reportagem e que teve acesso à parte do teor da denúncia, Cássia citou nomes e situações que a fizeram sentir-se discriminada. Numa delas, a atriz lembrou que colegas de Travessia saem do camarim a cada vez que ela entra para trabalhar. Além disso, ela lembrou que não tem tido a mesma oportunidade de melhorar seu desempenho como Cidália porque tem sido impedida de trabalhar.
O NaTelinha já havia antecipado que atores e atrizes estavam se recusando a ensaiar com Cássia e alegavam constrangimento diante das atitudes dela. Nessa ocasião, um grupo do elenco da novela a denunciou para o compliance por conta de intolerância religiosa e homofobia.
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Na denúncia, a intérprete de Cidália afirmou que virou alvo de apelidos capciosos por conta de sua convicção religiosa. A atriz ainda teria afirmado que sofre com zombarias por defender o atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Um dos apelidos, segundo pessoas ligadas ao elenco, é "esposa de Bolsonaro", por conta da insistência em defender o presidente.
A atriz vem sendo chamada também de Perpétua nos bastidores da trama - uma referência à personagem de Joana Fomm, em Tieta (1989). Na trama escrita por Aguinaldo Silva, com base na obra de Jorge Amado, a vilã é uma beata reacionária que defende valores ultrapassados, embora ela própria não se comporte assim.
Cássia Kis teria apresentado prints de conversas por WhatsApp, segundo a mesma fonte ouvida, mostrando que a história não é como contaram. Cássia mostrou que nomes do elenco de Travessia defendiam o voto em Lula e acusavam Bolsonaro de genocida e crimes que, segundo ela, ele não cometeu nem foi condenado. A ideia é apontar que, se atores progressistas podem defender seus ideais no trabalho, ela também pode.
Mesmo com as denúncias que foram feitas contra ela, a Globo não tomou nenhuma posição a respeito. Cássia Kis foi denunciada mais de uma vez ao compliance, seja por membros do elenco, por funcionários dos bastidores ou por jornalistas da casa.
Agora, a equipe responsável por acompanhar o comportamento de seus funcionários é pressionada a se posicionar após a própria atriz fazer uma denúncia.
Nos bastidores, segundo apurou o NaTelinha, a cúpula da Globo entende que o movimento da atriz foi pensado. Isso porque, no caso de uma demissão, ela pode alegar ter sido injustiçada, sofrido assédio e entrar com um processo milionário na Justiça.
O caso vem sendo tratado com extremo cuidado entre os membros da direção da emissora e não há uma definição prevista. A ideia é respeitar ao máximo os anos de serviços prestados pela atriz e evitar confusão judicial. Uma pessoa próxima a Ricardo Waddington afirmou que, neste momento, a tendência é que Cássia Kis fique até o fim da novela.
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Um diretor de Travessia conversou com a reportagem sob a condição de sigilo e falou que o clima nos bastidores anda tenso. A produção tem tentado separar as cenas de Cidália de modo que Cássia grave com o menor número de desafetos possível neste período e fique restrita a quem continua tendo algum tipo de laço fora do trabalho com ela.
Embora oficialmente a produção de Travessia garanta que o cronograma de gravações não foi afetado, quem trabalha na novela desmente a versão.
Para manter a harmonia minimamente dentro do possível, o diretor artístico da trama, Mauro Mendonça Filho, vem mudando o cronograma de Cidália. A atriz vem gravando cenas adiantadas do núcleo com Humberto Martins e Jade Picon, enquanto de outros colegas as sequências são empurradas e só é gravado o que for estritamente necessário.
Nos bastidores, fala-se que Glória Perez já foi questionada, mas a autora teria afirmado que não pretende se meter na história e vai acatar a decisão da direção da casa. Ela não pretende mexer na sinopse e defende que problemas e convicções pessoais não podem afetar o ambiente de trabalho.
Glória retruca quando é questionada por manter a atriz, dando a entender que a manutenção acontece só pelo fato de que Cássia é bolsonarista. A autora lembra que boa parte do elenco manifestou-se a favor de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que ela não pauta seu trabalho pelas convicções políticas do elenco e por isso não pretende aceitar pressões.
Procurada pelo NaTelinha, a Globo não se manifestou. Caso o faça, a reportagem será atualizada.
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