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Extrema-direita abandona Jovem Pan e planeja novo canal

Emissora não tem atendido a demanda de grupos radicais


Jair Bolsonaro em foto na Jovem Pan
Direita quer nova Jovem Pan - Foto: Reprodução/Jovem Pan
Por Daniel César

Publicado em 10/11/2022 às 04:00,
atualizado em 10/11/2022 às 09:25

A Jovem Pan não está atendendo as demandas da extrema-direita, que já busca um plano B: lançar um novo canal. Empresários ligados a radicais e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) já se reuniram e planejam criar um canal no YouTube para concorrer com a emissora. A ideia é que esta plataforma seja considerada a "verdadeira voz da direita brasileira", com respaldo do político e de seus aliados.

Fontes ouvidas pelo NaTelinha confirmaram que pelo menos três empresários muito conhecidos e que já investiram milhões na Jovem Pan estão no planejamento. Algumas reuniões foram feitas em São Paulo desde o final do primeiro turno, quando os números indicavam a derrota de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o desenho do novo canal foi feito. Pelo menos um dos vários jornalistas demitidos recentemente estão participando ativamente e deverá assumir, inclusive, a direção da nova emissora.

Embora não se fale de cifras, a expectativa é de que o investimento inicial seja milionário. A ideia é contrapor ao que eles chamam de mídia corporativa e se tornar a nova Jovem Pan. Uma pessoa que participou da reunião confirmou à reportagem que esses empresários de extrema-direita estão muito insatisfeitos com o rumos do canal de notícias de Tutinha.

Para eles, desde que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) proibiu a rede de praticar fake news contra Lula, a postura da emissora foi menos combativa do que deveria. Quem esteve no encontro garante que dois dos empresários chegaram a falar que a emissora perdeu a chance de ser a voz do bolsonarismo para elevar a temperatura e incentivar o crescimento das manifestações antidemocráticas.

De fato, após a decisão do Tribunal, a empresa passou a pisar em ovos. Como o NaTelinha mostrou, se antes comentaristas ligados à extrema-direita tinham ascensão sobre a direção a ponto de pedir a cabeça de colegas, o jogo virou. Neste momento, o clima é de tensão e ninguém sabe o que vai acontecer com o grupo.

A nova Jovem Pan

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Os milionários apoiadores de Bolsonaro estão dispostos a tirar a mão do bolso, desde que seja para ter um canal realmente "conservador", como eles definem. A ideia é se lançar como a verdadeira e grande oposição ao mandato de Lula e investir em teorias conspiratórias. Para crescer rapidamente haverá vasto investimento em publicidade e contratação de figuras conhecidas do grande público.

Além de dois comentaristas recentemente desligados da Jovem Pan, o grupo já vem sondando, de forma extraoficial, outros contratados do canal de Tutinha. A intenção é ter todos os maiores influenciadores da extrema-direita reunidos num único canal.

Um dos temores dos empresários, no entanto, é justamente a postura do STF (Supremo Tribunal Federal). Pelas práticas, que o grupo considera censura, do TSE, existe o medo de que os vídeos sejam derrubados por decisões judiciais. Para isso, um corpo de juristas está sendo contratado a fim de tentar evitar que isso ocorra.

Não há previsão oficial para que o canal seja lançado, mas a expectativa é de que, pouco depois da posse de Lula, os trabalhos comecem oficialmente. "Ele não vai ter um dia de paz", teria dito um dos empresários bolsonaristas ao final do encontro.

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