Após briga na Justiça, Lula decide não ir à Record

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não vai à entrevista da Record, prevista para acontecer na próxima sexta-feira (23). O martelo foi batido depois que o petista se sentiu injustiçado na forma como a emissora conduziu a ordem das sabatinas com os candidatos. A campanha chegou a judicializar o caso, levando o processo para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas sofreu uma derrota. Sem saída ou acordo, ele optou por não comparecer ao Jornal da Record.

Segundo apurou o NaTelinha, a decisão de Lula está ligada diretamente ao modelo que a Record preparou de sabatina. O petista não gostou de ser colocado numa sexta-feira, dia em que historicamente a audiência é mais baixa. Ao mesmo tempo, seu principal adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL), ficou com a segunda-feira (26), data em que o Jornal da Record costuma ter o melhor desempenho.

Procurada, a assessoria de Lula confirma que o petista não irá à sabatina promovida pela Record. A reportagem, no entanto, ouviu de pessoas ligadas ao candidato que não se trata de rompimento com a emissora. A falta se deu exclusivamente pela falta de acordo e por se sentir injustiçado na ordem das entrevistas. Porém, a campanha não tentou dialogar com a direção do canal e procurou diretamente o TSE, tentando obrigar a sabatina a acontecer através de sorteio.

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Lula perde para Record no TSE

O primeiro pedido de Lula ao TSE aconteceu dias depois da definição da ordem dos entrevistados. Ao NaTelinha, a equipe do petista já havia reclamado e dito que considerava a escolha arbitrária porque não ouviu as candidaturas e o critério injusto. Logo depois, a equipe jurídica do PT foi ao Tribunal pedindo uma liminar para que a Record fosse obrigada a fazer um sorteio que definiria a ordem das entrevistas.

A princípio, a juíza responsável pelo caso negou o pedido e encaminhou o processo para que o plenário decidisse. E todos os ministros que votaram concordaram com ela. A Record não é obrigada, segundo o TSE, a fazer sorteio porque sabatina não está definida na Lei das Eleições e, portanto, não há norma regulatória.

Por que Lula reclama?

A reclamação de Lula e do PT se dá puramente por questões de audiência. Historicamente, a audiência às sextas-feiras é menor em todos os canais porque há menos televisores ligados no período noturno. Levantamento da reportagem mostra que, apenas em São Paulo, os índices são de um ponto a menos na comparação com segunda-feira, quando Bolsonaro será entrevistado.

A Record, por sua vez, explica o critério. A ordem de escolha se deu com base na pesquisa Ipec e ela decidiu começar a sabatina com o líder e ir até o quarto colocado. Por isso, Lula inaugura na sexta, Bolsonaro na segunda, enquanto na terça-feira (27) será Ciro Gomes (PDT) e na quarta-feira (28) é a vez de Simone Tebet.

Nos bastidores, existe a explicação de que a emissora escolheu a data para ficar com a reta final da campanha, mas seria inviável começar na segunda-feira, já que são quatro entrevistados. Na quinta-feira (29) é dia de debate na Globo e nenhum candidato concordaria em faltar à emissora carioca para ir à sabatina da Record por questões de audiência.

Cada emissora seguiu seu próprio critério na formatação da sabatina. Enquanto a Globo realizou sorteio para o Jornal Nacional, o SBT permitiu que cada candidato escolhesse a própria data. A equipe de Lula confirmou que o petista estará presente na próxima quinta-feira (22) em entrevista com Ratinho.

Questionada se Lula estará no debate do SBT com a CNN, que acontece no próximo sábado (24), a assessoria respondeu que não há definição..

Sabatinas da Record

Sexta-feira (23): Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - não vai

Segunda-feira (26): Jair Bolsonaro (PL) - confirmado

Terça-feira (27): Ciro Gomes (PDT) - confirmado

Quarta-feira (8): Simone Tebet (MDB) - confirmada