Denúncia

Deputado bolsonarista pediu a demissão de jornalista da Record, diz sindicato

Filipe Barros teria pedido a cabeça de Carol Romanini após briga


Jornalista Carol Romanini e deputado Filipe Barros
Sindicato diz que deputado pediu a cabeça de jornalista - Foto: Montagem
Por Daniel César

Publicado em 14/09/2022 às 20:25,
atualizado em 14/09/2022 às 20:25

No mesmo dia em que candidatos bolsonaristas saíram em defesa de uma jornalista mulher atacada por um aliado de Jair Bolsonaro (PL), outro caso começou a ganhar repercussão nacional. O SindJor (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná) denunciou que Carol Romanini teria sido demitida da RicTV por pressão de deputado Filipe Barros (PL), ligado ao atual presidente. A emissora é afiliada da Record no Paraná.

De acordo com a denúncia, "o deputado usou como pretexto incidente envolvendo a torcida Falange Azul, do Londrina Esporte Clube, no último sábado (10/09) e integrantes de seu comitê de campanha. O 'crime' da jornalista foi estar próxima à confusão", diz o Sindicato em nota oficial. 

A confusão a que o texto se refere foi divulgado, inclusive nas redes do parlamentar. Segundo pessoas presentes no local, ele teria discutido com integrantes do grupo Falange Azul e até troca de agressões havia ocorrido. Quem estava lá diz que Carol fazia parte do grupo e estava nas proximidades num momento de lazer. Filipe teria, então, filmado a profissional como se ela tivesse atuado diretamente no problema.

A versão da Falange Azul foi contada nas redes sociais. "A Torcida Falange Azul informa, por meio desta nota, que desde sábado iniciou a identificação dos torcedores envolvidos - sejam eles sócios ou não - na confusão antes do último jogo, iniciada após uma agressão da equipe de um deputado contra uma torcedora que recusou um santinho, conforme descrito em nossa nota anterior", diz trecho.

Veja a nota na íntegra

O deputado Filipe Barros também postou sua versão nas redes sociais. Em um vídeo, ele fez questão de dizer que a nota da torcida é mentirosa e que os fatos eram diferentes. Ele também confirmou que registrou Boletim de Ocorrência.

Deputado pediu a cabeça de jornalista?

Deputado bolsonarista pediu a demissão de jornalista da Record, diz Sindicato

Segundo o Sindicato, Filipe Barros pediu a cabeça de Carol Romanini. "O dono do Grupo RIC no Paraná, Leonardo Petrelli Neto, aliado de Barros, tem engajamento notório na campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro. E histórico de assédio eleitoral. Um dia antes (segunda-feira, 12/09) da demissão da jornalista, sua empresa já havia proibido o uso das cores vermelha e bordô pelos repórteres e apresentadores que fossem ao ar. Cores que atribui associação com a candidatura do ex-presidente Lula.", diz o documento enviado à reportagem.

Carol foi demitida na última terça-feira (13), conforme apurou a reportagem, um dia depois de usar roupa vermelha no quadro A Hora da Venenosa. O vídeo em que a jornalista aparecia com a cor que foi ligada ao PT de Luiz Inácio Lula da Silva pela RicTV foi apagado das redes sociais da emissora.

O canal, no entanto, negou que a demissão tenha sido motivada por ideologia política

"A rescisão  do contrato da apresentadora nada  tem a ver com eleiçãao. Ela era da área do entretenimento.  Ontem, inclusive, a apresentadora da Hora da Venenosa de Curitiba, a Cecilia Comel, estava de rosa e vermelho. Mas tem relação com a reestruturação do horário do almoço em todas as emissoras  da RICtv (são 4: Curitiba, Oeste, Londrina e Maringá). Em Londrina, particularmente, o programa vinha tendo baixa performance de audiência e de faturamento, o que acabou antecipando as mudanças por lá. A rede vinha estudando abrir o sinal de Curitiba para a região, que agora recebe A Hora da Venenosa feita na capital. Isso se tornou possível com a saída  do programa do jornalista que apresenta o Balanço Geral Curitiba (que agora está exclusivo no BG). Isso elimina qualquer eventual confusão que pudesse haver com o BG Londrina, que tem identidade própria. Enfim, essa reestruturação vem sendo estudada há seis meses  e algumas mudanças começam a ocorrer. O projeto todo ainda está  em off por que faltam definições. só para contextualizar, A Hora da Venenosa de Curitiba dá cobertura especial para A Fazenda, o que é estratégico no momento para o Grupo Ric e a Record, e também contribuiu para a mudança", diz a nota na íntegra da RicTV.

O NaTelinha procurou o deputado Filipe Barros para ouvir a versão dele, mas até a publicação da reportagem não houve retorno.

RicTV proibiu uso de vermelho

Deputado bolsonarista pediu a demissão de jornalista da Record, diz Sindicato

A responsável pelo figurino da empresa usou um grupo no WhatsApp para trazer novas orientações. "Recado urgente pela direção da emissora. A partir de hoje não podemos mais usar vermelho e nem bordô no ar. Até nova decisão seguimos com esse comunicado ok?", disse Andrea Gappmayer, responsável pela equipe de Stylist do canal. O NaTelinha teve acesso aos prints da conversa.

A orientação chegou a ser tratado em tom de zombaria. "Verde e amarelo pode?", questionou uma funcionária e Andrea voltou a se manifestar. "Mas a combinação de cores não fica elegante pra nossa imagem, então vamos deixar passar. Verdes em ton sur ton, super rola, e amarelos pontuais com branco ou marinho também pode ficar bonito. Mas amarelo e verde vamos deixar passar para a Copa".

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