Perseguição? Lula reclama de regra em sabatina da Record
Petista foi jogado para uma sexta-feira, mesmo sendo líder na corrida eleitoral
Publicado em 03/09/2022 às 21:02,
atualizado em 04/09/2022 às 11:57
A equipe de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está insatisfeita com a regra da sabatina da Record. A campanha não gostou nada de saber que o petista foi jogado para uma sexta-feira (23) enquanto seu principal rival, Jair Bolsonaro (PL) será entrevistado numa segunda-feira (26). A campanha argumenta que a data é desfavorável para o líder na corrida eleitoral. Os aliados do petista, inclusive, não confirmam a presença dele na entrevista do Jornal da Record.
Segundo nota da emissora, divulgada na última sexta-feira (02), a regra foi determinada em ordem decrescente ao levantamento do Ipec.
"A Record TV irá realizar nos dias 23, 26, 27 e 28 de setembro uma série de sabatinas com os quatro candidatos à Presidência da República mais bem colocados na pesquisa IPEC de 29 de agosto de 2022. A ordem das entrevistas é decrescente da pesquisa. No dia 23 de setembro, o primeiro entrevistado será o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT); na segunda-feira (26), será a vez de Jair Bolsonaro (PL); dia 27, Ciro Gomes (PDT); e fecha a série no dia 28, a candidata Simone Tebet (MDB)", diz trecho da nota.
Acontece que foi uma decisão unilateral. O NaTelinha entrou em contato com a assessoria de Lula e questionou se o candidato participou da formatação da regra. "Não fomos consultados e não concordamos. Chegou um comunicado disso e foi publicado no R7", informou o assessor do petista.
A reportagem perguntou se Lula irá à sabatina e a resposta foi taxativa. "Estamos avaliando". Aliados, no entanto, entendem que ele foi prejudicado na regra criada pelo canal.
Isso porque, sextas-feiras costumam ter muito menos audiência que às segundas. Historicamente é dia que os aparelhos de TV ligados são menores e, consequentemente, o Ibope de todos os canais diminuem.
Levantamento do NaTelinha mostra que, nas últimas 4 segundas-feiras, a audiência do Jornal da Record foi de 8,1 pontos na Grande São Paulo, enquanto o mesmo comparativo para as sextas-feiras mostra 7,1 de média. Ou seja, um ponto a menos, ou 14% de recuo. Isso representa, segundo dados da Kantar Ibope, 205 mil pessoas a menos no dia da entrevista do Lula.
Sabatina na Record
O anúncio da Record de que fará uma sabatina chamou a atenção. A emissora foi a última entre os canais abertos a programar algo com os candidatos nas Eleições 2022. Ela já havia informado que não fará debate no 1º turno, mas informou que reservou data para um programa entre os presidenciáveis num eventual segundo turno.
Segundo a nota da emissora, a sabatina terá 40 minutos e, ao final, cada participante ganha um minuto para as considerações finais. O formato é idêntico ao do Jornal Nacional e que fez o programa da Globo superar Pantanal na audiência. A apresentação das entrevistas caberá ao jornalista Eduardo Ribeiro.
Por que sabatina numa sexta?
Nos bastidores da classe política a questão é o motivo que levou a Record a começar uma sabatina numa sexta-feira. A dúvida é por que não fez como todos os canais, que trabalharam para ter os candidatos dentro da mesma semana. A resposta pode estar justamente na concorrente e não no canal de Edir Macedo.
Caso começasse a entrevista na última semana da campanha, a quinta-feira seria um complicador. Isso porque é o dia do debate da Globo, o último encontro entre os presidenciáveis. Mesmo assim, aliados de Lula questionam a razão do canal não ter feito sua rodada de sabatinas começando na segunda-feira anterior.
O NaTelinha entrou em contato com a Record para ouvir a versão do canal, mas não obteve retorno. Caso a emissora se manifeste, a reportagem será atualizada.