Mania de Você foi a pior novela do autor e também um erro histórico da Globo
Novela que termina nesta sexta-feira (28) abalou o moral da emissora em meio à comemoração de 60 anos
Publicado em 28/03/2025 às 04:05,
atualizado em 28/03/2025 às 10:37
Fracasso retumbante como poucas vezes se viu na TV, Mania de Você chega ao fim nesta sexta-feira (28) acumulando títulos nada honrosos. Foi a pior novela do autor João Emanuel Carneiro e também um erro histórico para a Globo, a ponto de abalar o moral da emissora em meio às comemorações de 60 anos.
Lançada para elevar a repercussão do horário nobre, comprometida por antecessoras sem grande impacto, Mania de Você só acentuou ainda mais a crise. Teve a menor audiência das 21h na história: média de 21 pontos na Grande São Paulo, segundo a Kantar Ibope.
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João Emanuel Carneiro já foi responsável por grandes novelas. As mais lembradas são Avenida Brasil (2012), um fenômeno popular, e A Favorita (2008), de uma época em que ele ainda primava pela criatividade. Também são dele as ótimas Da Cor do Pecado (2004) e Cobras e Lagartos (2006).
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O currículo do celebrado escritor não é feito só de acertos, mas nem Todas as Flores (2022) tinha tantos furos de roteiro e de direção; nem Segundo Sol (2018) foi tão mal concebida antes de entrar no ar; e tampouco A Regra do Jogo (2015) pareceu tão perdida na tentativa de reverter a rejeição do público.
Com baixa audiência desde a estreia, a Globo se atropelou ao mexer em uma história que ainda estava sendo apresentada e poderia, quem sabe, atrair o telespectador pouco a pouco. A começar pela introdução acelerada, o que se viu foi uma sucessão de desacertos de todos os lados.
A maior das falhas talvez tenha sido a aprovação de uma trama tão sem pé nem cabeça. Divulgou-se que a novela seria centrada na amizade dúbia entre Luma (Agatha Moreira) e Viola (Gabz). Contudo, a obsessão de Mavi (Chay Suede) por Viola era o verdadeiro fio condutor – como o próprio título indicava.
Centralizar a ação em um vilão tóxico e abusivo era algo promissor, mas o enredo, além dessa premissa, não tinha um rumo. A ideia de contar uma história em que “o jogo vira o tempo todo” resultou em um emaranhado de reviravoltas banais, sem coesão, e uma narrativa que girava em círculos.
Uma boa trama paralela, a de Ísis (Mariana Ximenes) e Berta (Eliane Giardini), descambou para o humor sem graça. O entrecho envolvendo Fátima (Mariana Santos), que largaria o marido para viver um romance com a vizinha, foi abortado – uma autocensura com cheiro de covardia.
Por alguns momentos, a atração ainda se manteve de pé, com um mínimo de repercussão, graças à química entre Chay Suede e Adriana Esteves. Os improvisos dos atores eram engraçados, mas seria impossível firmar uma novela inteira apenas nessa interação – logo, até as cenas entre eles saturaram.
Rejeitado por todos, o mocinho Rudá (Nicolas Prattes) foi cortado da história. Morreu tarde e não deixou saudades, mas, ao abrir mão de um personagem tão central, foi como se o autor admitisse que tudo ali havia dado errado e que ninguém estava mais disposto a tentar salvar a novela.
A certa altura do desastre, foi como se todos entregassem os pontos. Mania de Você chegou à reta final sem qualquer suspense, pois não houve preocupação em manter sigilo quanto às sequências finais – quem, afinal, ainda liga para o que rola ali?! A novela termina como se todos, dos profissionais envolvidos ao público, desejassem que ela nunca tivesse estreado.
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