Exclusivo

Jornalista demitida da Record após usar vermelho diz que filha sofre ameaças de morte

Carol Romanini fala com o NaTelinha e explica confusão com deputado bolsonarista


Carol Romanini, jornalista demitida da Record
Filha de jornalista vem sofrendo ameaças - Foto: Reprodução/YouTube
Por Daniel César

Publicado em 15/09/2022 às 23:43,
atualizado em 16/09/2022 às 08:44

Carol Romanini tem sofrido perseguições após ter sido demitida da RicTV, afiliada da Record no Paraná, depois de ter usado roupa vermelha. Responsável pela Hora da Venenosa Londrina, a profissional afirma que até a filha está sendo massacrada pela rede bolsonarista na web. O desligamento, segundo o SindJor (Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná), aconteceu a pedido do deputado federal Filipe Barros à direção do canal. Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, a profissional conta que procurou a polícia para que o caso seja apurado.

Ela conta que os ataques são pesados não apenas contra ela, pois envolvem seus familiares. "Minha filha, que é uma adolescente de 16 anos, sendo alvo de palavras pesadas de morte, gordofobia. Me foge as palavras agora. Têm palavras contra mulheres, coisas preconceituosas. Dizem que a gente é marmita de presidiário, coisa desse nível. São ameaças pesadas. Minha filha não vai à escola há uma semana. Ela tem medo até da sombra, pra você ter ideia de como essas pessoas aterrorizam a gente", lamenta ela.

"Eu já registrei boletim de ocorrência na delegacia da Polícia Civil. É contra as agressões, contra a exposição feita pelo deputado contra mim. Também contra todas as pessoas. São dois boletins. Um específico contra o deputado Filipe Barros por essa exposição que ele causou e a outra é sobre essas todas as pessoas que estão me ameaçando pela internet."

Carol Romanini

O NaTelinha havia mostrado que Carol foi demitida depois de usar vermelho em um programa da RicTV. A demissão aconteceu na última terça-feira (13), um dia depois da direção proibir os funcionários da afiliada da Record no Paraná de usar roupa vermelha e bordô. Em nota oficial, o grupo RicMais informou que a proibição também ocorreu para o verde e amarelo e visava evitar a polarização. Prints de uma conversa no WhatsApp entre a responsável pelo figurino e os jornalistas mostram o oposto.

Jornalista demitida da Record após usar vermelho diz que filha sofre ameaças de morte

Jornalista demitida da Record após usar vermelho diz que filha sofre ameaças de morte

Jornalista demitida da Record após usar vermelho diz que filha sofre ameaças de morte

Porém, a jornalista relata que o canal não falou sobre a cor da roupa para demiti-la.  "A minha diretora executiva, que é daqui de Londrina, e a minha chefe de jornalismo, também daqui de Londrina, não falaram nada durante a reunião. Quem falou foi a advogada do Grupo Ric através de uma chamada de vídeo. Ela me disse que o contrato, porque eu sou PJ, tenho contrato de prestação de serviços, é que o contrato estava sendo cancelado unilateralmente e que eu não teria mais que cumprir esse contrato. Eu perguntei qual seria a razão, mas ela falou que foi uma decisão que veio da diretoria da empresa", explica.

Carol Romanini x Filipe Barros

Jornalista demitida da Record após usar vermelho diz que filha sofre ameaças de morte

O caso de Carol ganhou repercussão nacional após o SindJor (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná) denunciar que a jornalista teria sido demitida da RicTV por pressão do deputado Filipe Barros (PL), que é alinhado ao presidente Jair Bolsonaro.

Segundo a denúncia, "o deputado usou como pretexto incidente envolvendo a torcida Falange Azul, do Londrina Esporte Clube, no último sábado (10/09) e integrantes de seu comitê de campanha. O 'crime' da jornalista foi estar próxima à confusão", diz o Sindicato em nota oficial.

A confusão a que o texto se refere foi divulgado, inclusive nas redes do parlamentar. Segundo pessoas presentes no local, ele teria discutido com integrantes do grupo Falange Azul e até troca de agressões havia ocorrido. Quem estava lá diz que Carol fazia parte do grupo e estava nas proximidades num momento de lazer. Filipe teria, então, filmado a profissional como se ela tivesse atuado diretamente no problema.

"Eu estava mais ou menos uns 500 metros de onde aconteceu a confusão. O cabo eleitoral do deputado teria jogado os panfletos no rosto da mulher. E essa parte eu não vi. Eu só vi no momento que eles estavam discutindo sobre esse assunto que o deputado fala inclusive para um dos esposos dessa torcedora falando assim: 'Ah, foi sem querer que ele jogou os panfletos no rosto dela'. Então eu não vi a cena, só vi essa parte", comenta a jornalista ao falar do caso.

Ela confirma que viu a troca de agressão entre os torcedores e apoiadores de Filipe Barros, mas negou envolvimento na briga. "O que eu tenho a ver? Eu não tenho a ver absolutamente nada. Eu fui lá pra assistir o jogo como eu sempre faço, todos os jogos eu estou lá", garante antes de completar. "Com a minha filha inclusive adolescente que estava comigo estado de educação é um lugar muito tranquilo pra assistir os jogos. Eu nunca tive nem nunca tive um incidente desse Nunca presenciei e realmente não tenho nada a ver com essa confusão. Não sei por que o deputado falou que eu estava comemorando as agressões no vídeo que ele usa pra pra dizer isso. Tem várias pessoas que erguem a mão. Mas só eu estaria segundo comemorando as agressões", explica.

Audiência baixa? Que nada

Jornalista demitida da Record após usar vermelho diz que filha sofre ameaças de morte

Ao NaTelinha, a RicTV confirmou a demissão, mas alegou tratar-se de uma mudança estratégica por conta de baixo Ibope.  

"A rescisão  do contrato da apresentadora nada  tem a ver com eleição. Ela era da área do entretenimento.  Ontem, inclusive, a apresentadora da Hora da Venenosa de Curitiba, a Cecilia Comel, estava de rosa e vermelho. Mas tem relação com a reestruturação do horário do almoço em todas as emissoras  da RicTV (são 4: Curitiba, Oeste, Londrina e Maringá). Em Londrina, particularmente, o programa vinha tendo baixa performance de audiência e de faturamento, o que acabou antecipando as mudanças por lá. A rede vinha estudando abrir o sinal de Curitiba para a região, que agora recebe A Hora da Venenosa feita na capital. Isso se tornou possível com a saída  do programa do jornalista que apresenta o Balanço Geral Curitiba (que agora está exclusivo no BG). Isso elimina qualquer eventual confusão que pudesse haver com o BG Londrina, que tem identidade própria. Enfim, essa reestruturação vem sendo estudada há seis meses  e algumas mudanças começam a ocorrer. O projeto todo ainda está  em off por que faltam definições. Só para contextualizar, A Hora da Venenosa de Curitiba dá cobertura especial para A Fazenda, o que é estratégico no momento para o Grupo Ric e a Record, e também contribuiu para a mudança", diz a nota da RicTV

Porém, Carol discorda e lembra que nem há medição de Ibope. "Jamais teria sido por baixa audiência. Não tínhamos a audiência minuto a minuto para checar, mas fazíamos a medição pelo YouTube e também pelo WhatsApp. Tínhamos muitas participações e eu fazia brincadeiras com o público. O número de mensagens no Whats cresceu muito", conta.

E ela garante: "A Ric ficou sempre em terceiro lugar aqui no estado. Com a vinda do Juliano Marcos, eles conquistaram o segundo lugar no Ibope, e a vice-liderança pra gente é praticamente liderança até porque a Globo nunca vai sair do primeiro, pelo menos aqui na nossa região sempre foi assim", mas a jornalista confessa. "O último Ibope caiu um pouco, mas caiu de uma maneira geral".

"Então não existe baixa audiência e isso nunca foi apresentado pra mim, isso nunca foi me questionado durante esses dois anos. Então se fosse essa questão ela teria falado comigo e a gente teria encontrado alguma maneira pra melhorar a audiência desse programa. Então definitivamente essa não é a razão pela qual eu fui demitida."

Carol Romanini

Lula e o futuro

O NaTelinha questionou se Carol pretende se manifestar politicamente ou declarar o voto. "Não, eu não tenho intenção de declarar o meu voto porque eu nunca fiz isso em vinte anos de jornalismo eu nunca deixei claro pra quem eu ia votar", revela, antes de brincar:  "Se você perguntar pra qualquer pessoa qual time eu torço as pessoas sabem, mas voto não e eu não vou fazer diferente nesse momento".

Em determinado momento, porém, a ex Venenosa de Londrina parece indicar em quem pretende votar. "Apesar, né? De todas as retaliações terem sido por uma questão política e também porque eu sou mulher, eu não vou por esse caminho. Eu não vou falar, eu prefiro não declarar qual é a minha preferência política".

Mesmo fora da RicTV, ela já tem planos para o futuro e lembra como foi prejudicada pela empresa. "Eu tinha um canal no YouTube tinha tinha não tem esse canal no YouTube ainda mas eu deixei ele um pouco de lado porque quando eu entrei na RIC eles me pediram pra se estender as atividades lá eh que a Rede tem os próprios canais e eles pra gente ajudar a alavancar o o projeto dessas redes sociais da RIC né?", revela

"Inclusive com isso, com essa ajuda minha, do Juliano Marcos eh a gente conseguiu chegar aos cem mil eh seguidores no canal da Reiki e receberam a plaquinha Do cem mil já está a cento e sessenta mil se não me engano. Então eu pretendo retomar esse as atividades no canal do YouTube, nas minhas redes sociais. Tenho recebido muito apoio, muita sugestão disso. Então acredito que são novas novos ares, né?", explica

Por fim, ela aproveita para pensar para frente. "A gente sempre pensa que pra jornalista só tem TV rádio empréstimo e tem tantas outras coisas que a gente pode trabalhar hoje em dia. Então eu estou focada nisso e nesse momento", conclui.

NaTelinha no LinkedIn

Siga nossa página no LinkedIn e fique por dentro dos bastidores e do mercado da TV.

Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado