Publicado em 13/08/2022 às 08:30:00,
atualizado em 13/08/2022 às 08:53:38
A decisão da direção de jornalismo da Record em determinar que o Jornal da Record passe a ser gravado horas antes de ir ao ar não foi por censura por conta das Eleições 2022. Embora a emissora tenha proximidade com o presidente Jair Bolsonaro (PL) não houve nenhum temor de que os profissionais emitissem opinião ou dessem alguma informação que desagradasse o governo federal. O martelo foi batido por causa de constantes erros que vinham acontecendo ao vivo e que irritou a cúpula do canal a ponto de deixar o diretor de operações na berlinda.
O NaTelinha apurou que a informação caiu feito uma bomba nos bastidores do telejornal nesta semana, mas que todos entenderam não se tratar de censura para favorecer o chefe do executivo federal. Também não houve qualquer pedido por parte da campanha do presidenciável ou crítica por conta de alguma reportagem específica. A proximidade do canal com o mandatário já fez até com que ele elogiasse a empresa durante entrevista para o Flow Podcast.
Executivos já vinham de olho no Jornal da Record por conta dos constantes erros técnicos que vinham acontecendo. Desde reportagens entrando na hora errada, até confusão de matérias e trapalhadas na leitura do TP. Mesmo tendo pressionado o diretor de operações não houve mudanças e, por causa disso, a ordem de cima foi de que o o jornalístico deveria passar a entrar no ar exclusivamente gravado a fim de que todos os problemas fossem corrigidos na edição final. A direção de jornalismo sequer está assistindo o arquivo final antes de entrar no ar porque a questão não é de conteúdo.
Fontes ouvidas pela reportagem afirmaram que o diretor de operações, embora muito criticado por conta dos equívocos, não foi demitido, mas segue na berlinda. A expectativa dos chefões é de que a atitude seja suficiente para evitar novos erros. O Jornal da Record é uma espécie de menina dos olhos do canal porque é a maior audiência e também costuma ter alto faturamento, por isso a exigência é de evitar problemas no programa apresentado por Celso Freitas e Christina Lemos.
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Assim que a informação vazou foi especulado que a decisão se deu porque a emissora estava preocupada com a postura dos profissionais e de reportagens que poderia prejudicar Jair Bolsonaro. Mas não foi sequer cogitada a hipótese nos bastidores. Funcionários explicaram para a reportagem que o Jornal da Record possui um espelho que é preparado muito antes do programa ir ao ar.
O espelho é um roteiro escrito e impresso, que mostra todas as entradas, reportagens e comentários dos apresentadores. Isso significa dizer que não há nada que vá ao ar de forma improvisada para preocupar os diretores em relação ao viés ideológico do programa. Além disso, a dupla titular na bancada não é autorizada a emitir opiniões, como Boris Casoy marcou geração no Brasil e, por causa disso, não havia nenhuma preocupação quanto ao assunto.
A mudança, no entanto, desagradou os jornalistas que trabalham no JR, mas mesmo assim não há indicativos de que a decisão seja revogada nos próximos tempos. A cúpula de jornalismo entende que é a única forma de resolver um problema que estava insolúvel.
Procurada, a Record não se manifestou sobre a reportagem.
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