Publicado em 05/08/2022 às 18:44:00
O principal pedido de Jair Bolsonaro (PL) para participar da sabatina do Jornal Nacional não foi atendido pela Globo. O presidente queria ser entrevistado no Palácio da Alvorada, mas teve a solicitação negada pela direção de jornalismo do canal. Aliados do candidato criticaram a emissora porque ele não recebeu o mesmo tratamento dado a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a Dilma Rousseff (PT).
O imbróglio começou na tarde da última quinta-feira (04), quando a campanha de Bolsonaro fez uma série de imposições para aceitar o convite do Jornal Nacional, todos negados pela direção de jornalismo da Globo. Uma delas era de que ele fosse entrevistado por William Bonner e por Renata Vasconcellos em Brasília ao invés de ir à bancada do JN.
Com a negativa da emissora, bolsonaristas reagiram quase que imediatamente. A crítica é porque Lula, em 2006 e Dilma Rousseff (PT), em 2014, quando estavam concorrendo à reeleição, tiveram direito de serem sabatinados na Alvorada. Na visão dos aliados do presidente é de que a Globo está o perseguindo ao mudar a regra justamente quando é a vez dele e deram a entender que a decisão ocorreu por conta das críticas que o presidenciável faz ao canal.
Mas a Globo está perseguindo Bolsonaro? Não. A proibição de entrevistar o presidente na Alvorada não surgiu em 2022 e nem por causa dele. A direção de jornalismo do canal mudou suas normas na vez dele. A mudança aconteceu em 2014, logo após a reeleição de Dilma.
A coincidência das novas regras serem usadas pela primeira vez com Bolsonaro é isso: coincidência. O NaTelinha apurou que a decisão foi tomada para não favorecer o candidato que disputa reeleição. A própria Globo reconheceu que o clima na bancada do JN é considerado hostil pelos presidenciáveis por conta do posicionamento duro dos âncoras e porque os candidatos não estão em ambientes favoráveis.
Sabatinar o presidente, que já costuma ter vantagem na TV porque comanda o país, no Palácio da Alvorada, território em que ele tem diversos aliados próximos, diminuiria este impacto. Por isso o canal optou por extinguir a permissão em 2014. Porém, em 2018 não houve reeleição e as regras novas acabaram não sendo colocadas em prática.
Ao ter seu pedido recusado, Bolsonaro ficou irritado e cancelou a participação, que já havia sido confirmada até pelo filho dele, o senador Flávio Bolsonaro (PL). A Globo, no entanto, informou que, sem o aceite dentro do horário, ele estaria excluído da participação no programa. Na manhã desta sexta, no entanto, houve acordo e a presença dele na bancada do JN foi sacramentada.
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