"Vamos botar um ponto final nisso. Está resolvido! Vamos para outra pergunta, vamos para outro assunto"
Publicado em 31/08/2022 às 13:08:00
Jair Bolsonaro (PL) decidiu que, ao menos nos próximos dias, estará presente em emissoras consideradas amigas. A nova estratégia se deu para evitar momentos tensos, como os ocorridos no debate da Band ou na sabatina do Jornal Nacional. A equipe de campanha já informou que o candidato fará verdadeira maratona em canais parceiros num futuro imediato, passando por RedeTV!, SBT e Jovem Pan.
A assessoria de comunicação do presidente confirmou ao NaTelinha as visitas. Na próxima quinta-feira (1º) Bolsonaro bate ponto na RedeTV! Já na segunda-feira (05) será a vez de Bolsonaro participar da sabatina do Jornal da Manhã, na Jovem Pan.
Este programa estava agendado para a última segunda-feira (29), mas ele deu um vácuo, alegando que o debate na Band terminou muito tarde. Ainda na semana que vem, ele estará no SBT participando do Programa do Ratinho, que também informou interesse em entrevistar os demais candidatos.
Na equipe de comunicação de Bolsonaro há uma convicção. O presidente reage de forma dura quando se sente acuado ou atacado e isso pode ser prejudicial. Sem entrar no mérito dele estar certo ou não, os aliados entendem que é o momento de falar de conquistas do governo e que jornalistas tidos como oposicionistas não permitem isso ao ir para o embate, ao invés de praticar uma entrevista.
Por isso, montou-se a estratégia para que o candidato só compareça, ao menos nos próximos dias, em locais considerados amistosos. Enquanto adversários criticarão o fato, alegando que ele só fala para não ser contrariado, a intenção, dizem pessoas próximas, é conseguir falar, o que em outros lugares não acontece, na visão deles.
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Daí a ideia de topar ir à RedeTV!. O canal sequer divulgou interesse em realizar sabatinas, nem mesmo depois de cancelar seu debate porque os dois principais adversários não confirmaram presença. Luís Ernesto Lacombe e Érica Reis, do RedeTV! News estarão entrevistando Bolsonaro a partir das 20h. Não há informação se outros presidenciáveis já confirmaram presença ou se foram convidados.
A campanha quer que ele aproveite o espaço para falar de temas que possam atingir o eleitorado, como o Pix, o Auxílio Brasil, a baixa no desemprego e da inflação. Na segunda-feira será a vez do Jornal da Manhã. Historicamente, Bolsonaro se sente confortável ao marcar presença na Jovem Pan.
A expectativa é de que ele consiga falar dos mesmos temas, sem se sentir constrangido ou pressionado a falar de assuntos, considerados desnecessários pela equipe. Em seguida, a passagem ocorrerá no Programa do Ratinho, em data a ser agendada, mas com o mesmo enfoque.
A reportagem apurou que a decisão trata-se de uma estratégia, em comum acordo com os canais, para focar em temas de interesse do presidenciável. A equipe e o próprio político não ficaram satisfeitos com as performances recentes em aparições na TV.
No Jornal Nacional, Bolsonaro se sentiu numa espécie de inquisição comandada por William Bonner e Renata Vasconcellos. Ele chegou a reclamar publicamente do tratamento, citando supostos motivos para ter sido tratado de forma dura e cravou que o candidato da emissora é Lula. O ministro das comunicações, Fábio Faria concordou com o chefe e criticou a Globo pela postura.
Assim que terminou o debate, que deu à Band audiência recorde, a equipe do presidente já estava trabalhando nos bastidores. E adiar a participação dele na sabatina da Jovem Pan foi apenas uma estratégia.
Interlocutores da campanha confidenciaram à reportagem que um novo rumo deveria ser dado, isso incluía a recusa ao convite da CNN Brasil para a sabatina especial com William Waack. Nem mesmo a proposta do canal em fazer a entrevista em Brasília foi suficiente para garantir o aceite.
Não é de hoje que existe a preocupação com o comportamento de Bolsonaro na TV. Mesmo os aliados que concordam com o jeito explosivo do presidente, entendem que os arroubos nem sempre são benéficos, principalmente em emissoras tidas como rivais.
Tanto, que eles foram unânimes ao reclamar da sabatina do JN, alegando que o candidato sequer conseguiu falar, tamanhas as interrupções feitas pelos âncoras. No principal momento da noite, naquela ocasião, Bonner pressionou o presidenciável a se comprometer em aceitar os resultados das urnas eletrônicas.
"Vamos botar um ponto final nisso. Está resolvido! Vamos para outra pergunta, vamos para outro assunto"
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No debate na Band também houve momento tenso, principalmente em relação à jornalista Vera Magalhães. Quando se sentiu atacado por uma pergunta feita por ela, Bolsonaro reagiu e virou assunto nacional, com boa parcela dos críticos considerando que ele foi machista e misógino contra a titular do Roda Viva, da TV Cultura.
"Você não pode tomar partido num debate como esses, fazendo acusações mentirosas ao meu respeito. Você é uma vergonha pro jornalismo brasileiro", disse.
Mas não é de hoje que o estilo de Bolsonaro atrai olhares quando ele não está em emissoras amigas. Em 2018, o presidente bateu boca com Renata Vasconcellos em plena sabatina do JN. No debate da RedeTV!, naquele mesmo ano, ele teve outro momento delicado num embate com Marina Silva, que usou a religião para lhe responder e fazer críticas ao adversário.
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