Bolsonaro no Jornal Nacional: Bonner "faz" candidato dizer que vai respeitar as urnas
Candidato à reeleição foi o primeiro entrevistado do Jornal Nacional desta semana
Publicado em 22/08/2022 às 21:03,
atualizado em 22/08/2022 às 21:51
Na noite desta segunda-feira (22), Jair Bolsonaro foi o primeiro entrevistado para a sabatina organizada pelo Jornal Nacional com os candidatos à presidência da república nas Eleições de 2022. Logo no início do noticiário, William Bonner deu início às perguntas para o político, o indagando sobre o pleito de outubro. Bonner também pediu para Bolsonaro assumir o compromisso com o afirmando que vai respeitar o resultado das eleições.
"Com intuito de tirar esse estresse, essa intranquilidade nesse momento eleitoral no Brasil. O senhor não quer aproveitar essa oportunidade diante de milhões de brasileiros para assumir o compromisso eloquente de que vai respeitar o resultado das urnas seja ele qual for?", indagou Bonner.
"Seja qual for. Eleições limpas serão, devem e têm que ser respeitadas", respondeu Bolsonaro, ao que Bonner perguntou mais uma vez.
"Está atestado que as eleições brasileiras são limpas e transparentes e que as urnas são auditadas. Isto posto, te pergunto, mais uma vez: O senhor vai assumiu compromisso diante de milhões de brasileiros de respeitar o resultado das urnas, estimulando o seus seguidores a fazerem o mesmo, candidato?"
William Bonner
"Serão respeitadas o resultado da zonas desde que as eleições sejam limpas e transparentes. Como você diz que é as urnas são auditadas sendo que em 2014 não aconteceu isso? Mas no caso tudo bem, complementou Bolsonaro.
"Vamos botar um ponto final nisso. Está resolvido! Vamos para outra pergunta, vamos para outro assunto"
Jair Bolsonaro
Assista ao momento:
jornalnacional
Na sequência, Renata Vasconcellos perguntou sobre a posição do atual presidente na pandemia da Covid-19. A jornalista o questionou sobre situações polêmicas de Bolsonaro, como quando ele imitou pessoas sem ar, afirmou que quem tomasse vacina iria virar jacaré, entre outros assuntos.
"Eu usei uma figura de linguagem 'jacaré', não é brincadeira isso. Isso faz parte da literatura portuguesa. Brincadeira é, no momento difícil para o Brasil, a imprensa desautorizar os médicos pela liberdade de clinicar. Esse foi o grande problema. E outra coisa, eu não errei nada do que eu falei. Eu falei no início da pandemia que nós devíamos cuidar dos idosos, pessoas com comorbidade e o resto da população trabalhar. Isso eu falei", afirmou Bolsonaro.
Foi então que Renata o questionou: "Sobre o seu comportamento, sobre as frases que eu mencionei, como imitando pacientes com falta de ar, muitos viram isso como um sinal de falta de compaixão de solidariedade com os doentes, com as vítimas, com os parentes das vítimas. O senhor se arrepende?"
"A solidariedade eu me manifestei conversando com povo nas ruas, visitando a periferia de Brasília. Vendo pessoas humildes que foram obrigadas a ficar em casa sem ter um só apoio do governador ou do prefeito.(...) Não adotei o politicamente o correto, não estimulei", afirmou, sem responder a pergunta de Renata, que repetiu a indagação.
"O senhor chama isso de politicamente incorreto? O senhor não se arrepende de seu comportamento? 700 mil mortos? O senhor se arrepende?", perguntou. "Lamento as mortes. Não tem alguém que não perdeu um parente, um amigo, mas não poderia ser tratada da forma como começou a se tratar", disse o candidato.
Assista ao momento:
jornalnacional
Jair Bolsonaro e William Bonner fazem embate no Jornal Nacional
Em um momento mais acalorado da entrevista, Bonner falou sobre a relação de Bolsonaro com o Centrão (partidos políticos com espectro de centro), já que, em 2018 ele havia criticado os partidos e que, recentemente, afirmou sempre ter sido do Centrão. Após pergunta de Bonner sobre o assunto, Bolsonaro parece não ter gostado da indagação e acusou o apresentador.
"Porque que eleitores como aquele que se sentem traídos pelo senhor acreditariam na suas promessas de agora?", indagou. "Você está me estimulando a ser ditador", disse, Bolsonaro, firme. "Eu, candidato?", perguntou Bonner, sem acreditar no que havia ouvido.
Foi então que o político afirmou: "Você! Porque o Centrão são 300 parlamentares. Se eu deixar de lado, eu vou governar com quem? Vou governar com o parlamento. Então você está me estimulando a ser um ditador. São 513 deputados, 300 são de partidos de centro, pejorativamente chamados de centrão."
Assista:
jornalnacional
A entrevista durou 40 minutos, conforme acordado anteriormente com assessores, mesmo tempo destinado aos quatro candidatos a presidência entrevistados pelo programa durante a semana. Nesta terça-feira (23) será a vez de Ciro Gomes responder às perguntas de Bonner e Renata ao vivo.