Repórter da Globo revela como está colega agredido na prisão de Roberto Jefferson
Carlos Miranda estava trabalhando junto com Rogério de Paula
Publicado em 24/10/2022 às 16:51
O repórter da InterTV, afiliada da Globo que fazia a cobertura da prisão do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) com o cinegrafista Rogério de Paula, publicou um vídeo em sua página no Instagram falando sobre a agressão sofrida pelo colega de emissora, que levou um soco de apoiadores do político condenado e de Jair Bolsonaro (PL).
Carlos Miranda iniciou seu pronunciamento dizendo que decidiu gravar o vídeo porque estava recebendo centenas de mensagens de pessoas preocupadas com ele e quis dizer que está tudo bem. Na sequência, o jornalista contou que foi escalado para fazer aquela cobertura e disse que, assim que os dois chegaram na porta da casa de Jefferson, foram hostilizados e a sensação que tiveram era de que queriam expulsá-los de lá.
Carlos explicou que eles se afastaram mais de uma vez, mas não adiantou. "Quando nós viramos, covardemente, um homem bateu na câmera do cinegrafista Rogério de Paula e deu um chute nas costas dele. A câmera acertou a cabeça do Rogério, e, para quem não sabe, ele já passou por uma cirurgia na cabeça, ele teve um aneurisma, e a câmera acertou exatamente o local onde fez essa cirurgia", lamentou.
"Aí o Rogério ficou tonto, teve uma ameaça, quase uma crise convulsiva, e nós tentamos acalmá-lo. Ele começou a suar muito, uns cinco minutos depois ele foi ficando melhor, mas o levamos para uma ambulância dos bombeiros. A médica o atendeu e, considerando o histórico do Rogério, recomendou que fosse para o hospital e fizesse exames para ver se estava tudo bem."
O repórter, então, disse que o cinegrafista foi submetido a uma tomografia e a equipe médica entendeu que ele deveria ficar na UTI, sendo monitorado até esta segunda-feira (24), em função de seu histórico e da pancada.
"Ele está bem, só para acalmar vocês. O Rogério está bem, estava rindo, se divertindo, falando com as enfermeiras, ele sempre é uma pessoa muito gentil, é muito querido, mas, considerando a história dele, os médicos entenderam que era melhor, porque ele poderia ter outra crise convulsiva e tudo, então ele está em observação", continuou.
Miranda lamentou o fato de eles terem sido impedidos de realizar seu trabalho e destacou qual é a função dos veículos de comunicação. "É bom lembrar que o trabalho da imprensa é cobrir o que acontece no nosso país para informar a população, para trazer informação às pessoas, para que elas entendam o que está acontecendo no nosso país, e estavam nos impedindo de fazer isso."
"É lamentável, eu espero que a gente possa superar esse momento, que a gente possa viver em paz, porque o nosso país sempre foi um país de paz e eu espero que a gente continue assim, vivendo em paz. Que esse ódio passe, que as pessoas reflitam sobre suas atitudes e não sejam assim, tão radicais, e que deixem a imprensa trabalhar. São trabalhadores honestos, corretos, que estavam ali apenas cumprindo a função de informar a população", finalizou.
Repórter foi agredido por apoiadores de Bolsonaro e Roberto Jefferson
No domingo (23), enquanto cobria o cumprimento do mandado de prisão de Roberto Jefferson (PTB), o repórter cinematográfico Rogério de Paula, de 59 anos, foi agredido por apoiadores do ex-deputado e de Jair Bolsonaro (PL), em Comendador Levy Gasparian, no interior do Estado do Rio.
A câmera que o cinegrafista usava para trabalhar quebrou e a InterTV afirmou que vai registrar um boletim de ocorrência na delegacia. Até agora, o que se sabe é que o agressor seria um homem de camisa verde.
Uma equipe da Polícia Militar chegou a abordar os agressores, mas eles foram liberados pouco depois. Procurada pelo NaTelinha, a Globo e sua afiliada enviaram uma nota de repúdio ao episódio violento:
"A TV Globo e a InterTV repudiam com veemência a agressão, se solidarizam com o repórter cinematográfico Rogério de Paula, da afiliada, e advertem que todos aqueles que atacam o trabalho da imprensa estimulam esse tipo de ato."