O presidente Jair Bolsonaro (PL) não participará da sabatina feita pela GloboNews, no programa Central das Eleições, no qual os candidatos à presidência respondem questões de jornalistas da emissora. Em 2018, no entanto, o atual mandatário esteve presente no canal e acabou polemizando com seus posicionamentos. A situação saiu tanto do controle a ponto de, no fim do programa, chegou a ficar constrangido ao ser rebatido por um editorial da emissora, lida pela jornalista Miriam Leitão.
Na ocasião, Bolsonaro já liderava as pesquisas de intenção de votos, mas seus adversários apostavam que ele não conseguiria vencer, caso fosse para um eventual segundo turno. O então deputado federal era visto como uma pessoa com falas radicais e pensamentos de um político de ultradireita, principalmente pelos concorrentes diretos e também pelos jornalistas presentes na bancada do programa do canal de notícia.
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O momento que mais causou tensão no estúdio foi quando ele saiu em defesa da ditadura militar (1964-1985). Miriam Leitão, que foi torturada durante o período, ficou visivelmente desconfortável com o posicionamento do ex-capitão do exército.
“Quero aqui elogiar, saudar a memória do senhor Roberto Marinho. Editorial de capa do jornal ‘O Globo’, de 7 de outubro de 1984. Abre aspas. Participamos da revolução de 1964, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica; distúrbios sociais, greves e corrupção generalizada. Fecha aspas. O senhor Roberto Marinho foi um democrata ou um ditador?”, disse Bolsonaro, numa clara tentativa de provocar os jornalistas da emissora.
Globo respondeu Bolsonaro com nota
No entanto, ao final do programa, Miriam repetiu um editorial da empresa, que foi soprado em seu ouvido no ponto eletrônico. rebatendo as falas do então candidato. “Em relação às declarações do candidato Jair Bolsonaro sobre ‘O Globo’ em 1964, o Grupo Globo emitiu a seguinte nota”, iniciou a jornalista.
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Bolsonaro se surpreendeu. “Abre aspas. O candidato Jair Bolsonaro disse há pouco que Roberto Marinho, em editorial de 1984, afirmou que participava do que chamava de revolução de 64, identificado com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas.”
E a jornalista prosseguiu. “É fato. Como todos os grandes jornais da época, com exceção da ‘Última Hora’, ‘O Globo’ apoiou editorialmente o golpe, com o objetivo reiterado por Roberto Marinho, 20 anos depois. O candidato Bolsonaro esqueceu-se, porém, de dizer que em 30 de agosto de 2013, ‘O Globo’ publicou um editorial em que reconheceu que o apoio ao golpe de 64 foi um erro”.
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“Nele, o jornal disse não ter dúvidas de que o apoio pareceu, aos que dirigiam o jornal na época e viveram aquele momento, a atitude certa visando o bem do País. E finaliza com essas palavras, o editorial
"‘À luz da história, contudo, não há por que não reconhecer hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais no período que decorreram desse desacerto original. A democracia é um valor absoluto e... corre risco... e só pode ser salva por si mesma’. Fecha aspas"
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Miriam Leitão
As polémicas de Bolsonaro na Central das Eleições
Mas esse não foi o único momento em que Bolsonaro causou polêmica no programa. Ele chegou a negar a acusação de homofobia e insistiu no tema. “Nunca fui homofóbico. [Mas] eu não posso admitir que crianças com seis anos de idade assistam a filmes como 'Encontrando Bianca', onde meninos se beijam, meninas se acariciam, para combater a homofobia. Está na cara que a criancinha de seis anos de idade que assistir a isso, no intervalo, o Joãozinho vai querer namorar o Pedrinho. Um pai não quer chegar em casa e encontrar o filho brincando de boneca por influência da escola", afirmou.
Além disso, o candidato irritou os jornalistas ao deixar de responder perguntas de economia, alegando que seu 'Posto Ipiranga', Paulo Guedes, é que teria carta branca para agir no ministério.
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Bolsonaro não estará na Central das Eleições em 2022
Bolsonaro optou por não ir à sabatina deste ano, assim como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também não irá comparecer. Simone Tebet (MDB) e André Janones (Avante) e Ciro Gomes (PDT) foram os três convidados e que aceitaram marcar presença no programa. A primeira foi a senadora, na última segunda-feira (26) e foi seguida do deputado federal, na terça-feira (27). Já Ciro fechou as sabatinas na última quarta-feira (28).
Mas tanto o atual presidente quanto Lula pretendem ir à sabatina promovida pelo Jornal Nacional, prevista para acontecer no mês de agosto, conforme antecipou o NaTelinha.
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