Jovem Pan demite radicais e prepara mudança editorial
Canal fez quatro demissões em um só dia e outras virão
Publicado em 31/10/2022 às 17:41,
atualizado em 31/10/2022 às 20:46
A Jovem Pan anunciou nesta segunda-feira (31), um dia após a vitória de Lula nas eleições 2022, uma onda de demissões de seus profissionais. Foram desligados da empresa Augusto Nunes, Guilherme Fiuza, Caio Coppolla e Maicon Mendes. Outros nomes deverão ser mandados embora nas próximas semanas, enquanto a emissora prepara uma mudança editorial a partir de 2023.
Segundo apurou o NaTelinha, a decisão de demitir alguns de seus colaboradores já estava tomada desde a semana passada. A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último domingo (30) apenas acelerou a tomada de decisão. A ideia inicial é de que a Jovem Pan seja oposição ao novo governo, mas com um tom mais moderado e vai evitar comentaristas mais radicais num primeiro momento.
À reportagem, uma pessoa que trabalha na emissora explicou os motivos das demissões, que foram variados. Fiuza foi desligado porque tem usado as redes sociais para questionar o resultado das eleições. A Jovem Pan orientou todos os seus colaboradores a não cogitarem falar de fraude nas urnas eletrônicas porque isso teria consequências. O canal não vem com boa relação com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e teme que isso piore sob um novo governo.
Augusto Nunes vinha com uma relação instável com a empresa desde que desobedeceu uma ordem interna para ofender Lula. O jornalista teria se sentido censurado e fazia críticas veladas aos chefes, o que piorou com a eleição do petista. Ele teria culpado seu afastamento e o posicionamento da emissora, ao aceitar a decisão do TSE, pelo resultado das urnas.
Mesmo sem o anúncio oficial, Guga Noblat usou as redes sociais para confirmar que também foi desligado. "Acabo de ser comunicado que estou fora da Jovem Pan por não ter defendido a rádio na história da censura. Estava desde a semana passada afastado e agora é definitivo", escreveu.
GugaNoblat
Jovem Pan vai demitir mais
Fontes ouvidas pela reportagem garantem que outras demissões virão. Nesta segunda-feira ainda foram confirmados o desligamento de Coppolla, que já não era bem quisto pela redação por conta de seu posicionamento afastado do resto da equipe. Também foi demitido Maicon Mendes, jornalista que não acompanha o ritmo dos comentaristas da casa, sendo rigoroso na busca das informações.
A ideia é que contratações aconteçam ao mesmo tempo em que outros nomes sejam demitidos. A Jovem Pan pretende renovar seu casting com pessoas tão ou mais carismáticas quanto a equipe montada, mas sem radicalismo que possam colocar a empresa em situação delicada.
Jovem Pan em 2023
O entendimento da direção é de que, no futuro governo Lula, o STF (Supremo Tribunal Federal) terá ainda mais liberdade para impedir os excessos cometidos por profissionais e quer consertar a relação com o Poder Judiciário. Para isso, é preciso que comentaristas moderem nas críticas.
Nos bastidores, porém, é consenso que não haverá um 'cavalo de pau' no canal. A ideia é manter o tom crítico e ácido, mas tomando cuidado com o que é dito para evitar sanções judiciais.
Procurada, a Jovem Pan confirmou as demissões e não quis comentar o argumento de Guga Noblat. Ela enviou nota justificando o desligamento de Augusto Nunes:
"Em comum acordo, O Grupo Jovem Pan e o jornalista Augusto Nunes entenderam por bem pôr fim à parceria de trabalho que estava vigente há mais de cinco anos, através da empresa do Augusto, Lauda Comunicação Ltda, sem qualquer animosidade ou juízo de valor.
Os termos e detalhes do deslinde não serão objetos de comentários por conta de o contrato de origem estar acobertado e protegido por cláusula de sigilo e confidencialidade.
O Grupo Jovem Pan agradece o jornalista Augusto Nunes e deseja sucesso nas novas fronteiras que ele haverá de desbravar".