Análise

O Debate: Filme tenta colocar fogo na polarização Lula e Bolsonaro

Longa protagonizado por Débora Bloch e Paulo Betti é uma sucessão de clichês


Débora Bloch e Paulo Betti no filme O Debate
O Debate fala muito da questão política, mas também de assuntos pessoais dos personagens - Foto: Reprodução/YouTube
Por Daniel César

Publicado em 19/08/2022 às 06:39,
atualizado em 19/08/2022 às 09:04

No próximo dia 25 de agosto, os cinemas irão exibir mais um filme brasileiro, mas não trata-se de qualquer longa: O Debate. Com roteiro de Guel Arraes e Jorge Furtado, direção de Caio Blat e protagonizado por Débora Bloch e Paulo Betti, a produção promete colocar gasolina nas Eleições 2022. Sem fazer nenhuma questão de ser sutil, a história se colocar frontalmente contra Jair Bolsonaro (PL) e em defesa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O NaTelinha teve acesso à produção com antecedência, em acordo feito com a Paris Filmes para a divulgação do longa, e assistiu em primeira mão a obra de 1 hora de 16 minutos. São 76 minutos em que a jornalista, âncora do maior telejornal do país, vivida por Bloch, tenta convencer seu diretor e ex marido, Betti, a publicar uma pesquisa que mostra o candidato da oposição liderando a corrida eleitoral dias antes das eleições em segundo turno.

Se o trailer já prometia uma história fictícia inspirada na realidade do Brasil atual, a trama é muito mais que isso. O roteiro, muito bem escrito por Guel Arraes e Jorge Furtado, não se furta de se posicionar e deixa claro que o candidato que busca reeleição é Bolsonaro. "Ele chamou a pandemia de gripezinha, pediu para as pessoas não ficarem em casa, não usou máscaras, adiou a compra da vacina", diz a protagonista em determinado momento.

O Debate: Filme vai além da discussão Lula e Bolsonaro

O pano de fundo da história é o debate presidencial, promovido pela emissora e que contará com os dois candidatos. O atual presidente e um ex, envolvido em processos de corrupção. Mas o nome do longa não é pelo encontro, que nem é mostrado na história, mas pelo constante debate de ideias entre a jornalista e o diretor. Ela, defende que o jornalismo precisa influenciar o eleitor para evitar uma catástrofe, ele acredita que é preciso mostrar a verdade e torcer pela força da democracia.

O filme não tem vergonha de vomitar frases clichês para influenciar o público e, consequentemente o eleitorado. "Ele comprou a vacina, fato. Ele deu o auxílio, fato", diz o diretor num trecho. "Ele atrasou a compra da vacina, fato". completa ela. "Não é fato, é narrativa", corrige o chefe, provocando a ira da ex-esposa.

O longa vai além da discussão Lula e Bolsonaro e debate questões atuais, como o jornalismo profissional, a isenção diante de uma tragédia iminente, as fake news, até o aborto e adoção. Quando se aventura a tratar dos temas humanos, como a separação em um casamento com diferença de idades e uma relação aberta, o longa é bem mais interessante. Mas ao apostar na polarização, a sensação é que roteiristas e diretor querem, não influenciar as eleições brasileiras, mas colocar gasolina numa guerra que já é iminente.

Destaque positivo para a ótima performance dos dois protagonistas, principalmente Débora Bloch que fugiu do estereótipo da mocinha ou mesmo da heroína e construiu uma jornalista focada, mas também uma mulher que vai muito além da profissão. Embora vá irritar quem é fã de carteirinha dos dois líderes nas pesquisas eleitorais, O Debate vale a pena pela ótima produção e por mostrar um Brasil que a gente vê o tempo todo: o da discussão política 24 horas por dia.

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