Fim do amor: Equipe da Jovem Pan é hostilizada por apoiadores de Bolsonaro

Se antes os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) se identificavam com o viés da Jovem Pan, isso não acontece mais atualmente. Nesta terça-feira (15), manifestantes a favor do atual presidente hostilizaram uma equipe da emissora que cobria os protestos do grupo em Brasília. Os bolsonaristas pedem intervenção federal por não concordarem com o resultado das eleições presidenciais, o que é considerado atos antidemocrático e crime. 

A confusão foi documentada pela Folha, que também estava no local. De acordo com o relato do jornalista, a equipe da Jovem Pan sempre era interrompida pelos manifestantes no momento em que o repórter entrava ao ar.  Enquanto uma parte deles queria expulsá-los de lá, outro grupo bolsonarista queria que os profissionais ficassem com a condição de que não "mentissem" na cobertura.

A maior reclamação dos apoiadores de Jair Bolsonaro é que eles não pediam por "intervenção militar", em que um general do Exército ficasse no cargo da presidência, mas sim uma "intervenção federal" com o atual candidato ficasse no cargo até novas eleições. Isso não tem previsão na Constituição Federal.

Sem provas concretas de que houve fraude nas eleições, os manifestantes tem certeza de que Bolsonaro foi prejudicado no segundo turno e não aceitam que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja empossado no cargo no ano que vem. O presidente eleito ganhou o pleito com 50,8% dos votos. 

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Jovem Pan se livra de comentaristas prol Bolsonaro 

O clima de animosidade entre apoiadores do presidente e do canal começou logo após o resultado das eleições. Isso porque alguns comentaristas considerados de extrema-direta foram desligados da emissora. São eles: Augusto Nunes, Caio Copolla, Guilherme Fiuza e Cristina Graeml. 

Tutinha, que é dono do canal, disse durante um reunião interna que "a desobediência civil não sairá do meu bolso". Ou seja, o empresário teme que precisa pagar à Justiça pelas falas dos comentaristas bolsonaristas mais ferrenhos que desrespeitem as regras do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). 

Pouco antes das eleições, a Jovem Pan foi autuada pelo órgão judiciário por ter divulgado fake news acerca do candidato petista, como chamá-lo de ex-presidiário. Como Lula teve todas suas condenações anuladas, o político não poderia ser citado dessa maneira. Em caso de descumprimento, a empresa deveria pagar 25 mil reais à Justiça por cada autuação. 

Extrema-direta planeja novo canal 

Em contrapartida a ação da emissora, empresários ligados a radicais e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro já se reuniram e planejam criar um canal no YouTube para concorrer com a emissora. A ideia é que esta plataforma seja considerada a "verdadeira voz da direita brasileira", com respaldo do político e de seus aliados.

Fontes ouvidas pelo NaTelinha confirmaram que pelo menos três empresários muito conhecidos e que já investiram milhões na Jovem Pan estão no planejamento. Algumas reuniões foram feitas em São Paulo desde o final do primeiro turno, quando os números indicavam a derrota de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o desenho do novo canal foi feito. Pelo menos um dos vários jornalistas demitidos recentemente estão participando ativamente e deverá assumir, inclusive, a direção da nova emissora.

Embora não se fale de cifras, a expectativa é de que o investimento inicial seja milionário. A ideia é contrapor ao que eles chamam de mídia corporativa e se tornar a nova Jovem Pan. Uma pessoa que participou da reunião confirmou à reportagem que esses empresários de extrema-direita estão muito insatisfeitos com o rumos do canal de notícias de Tutinha.