Publicado em 20/01/2019 às 09:00:00
Atualmente, temos seis novelas inéditas na TV brasileira: quatro em produção na Globo ("Malhação: Vidas Brasileiras", "Espelho da Vida", "O Tempo Não Para" e "O Sétimo Guardião) e uma em cada na Record TV ("Jesus") e SBT ("As Aventuras de Poliana").
Antes de mais nada, é preciso dizer que o ano de 2018 não foi bom em termos de folhetim. E o meu medo é justamente que 2019 siga essa tendência, porque ao que consta, temos um notório problema de criatividade em nossos autores.
As quatro tramas globais são de ruins para péssimas. "Malhação: Vidas Brasileiras" tem um texto raso, cheio de situações irrealistas, que colocaram por chão todo o trabalho feito por sua antecessora, a excepcional "Viva a Diferença". Concordo com o meu colega Thallys Bruno, que disse, com razão: é a pior "Malhação" de todos os tempos.
Logo após, vem "Espelho da Vida". A premissa não é exatamente ruim, mas o seu desenvolvimento e velhos vícios de Elizabeth Jhin, como panfletar o espiritismo em detrimento ao folhetim, deixa tudo muito intragável e cansativo de se ver.
Ainda assim, atualmente, é a novela menos ruim da Globo, principalmente graças a duas atuações: Vitória Strada, como a protagonista Cris/Júlia, e Alinne Moraes, como Isabel/Dória. A primeira é a melhor revelação dos últimos anos, enquanto a segunda é irresistível como vilã desde "Duas Caras", em 2008.
No horário das 19h, "O Tempo Não Para". Uma grande decepção, sem dúvida. Seu início, muito bom, divertido e ácido, não se manteve. Entre setembro e dezembro, praticamente nada ocorreu na trama de Mário Teixeira. Virou uma barriga ambulante. Como disse o colega Maurício Stycer, daria uma boa série de 14 capítulos, não mais.
Por fim, "O Sétimo Guardião". Atualmente, é a mais difícil de achar algo elogioso. A trama é extremamente confusa, e as ideias de Aguinaldo Silva beiram à bizarrice. A história de que o prefeito Eurico (Dan Stulbach) sofrerá a "maldição de gostar apenas de homens" beira o desserviço.
Além disso, Lília Cabral tem mais um papel decepcionante. Bruno Gagliasso e Marina Ruy Barbosa se esforçam, mas não há química entre ambos - além do texto não ajudar. A única coisa legal da novela é o gato Léon, mas convenhamos: quando um bichano é o melhor personagem de uma trama, existe algo errado nela.
Mudando de canal, "Jesus" é até bem intencionada, mas como falei aqui faz pouco tempo, falta alguma coisa para que ela realmente pegue o público. O texto é bom, mas as atuações são extremamente irregulares - algumas delas bem risíveis. A escolha por Dudu Azevedo para fazer o Messias foi errada e isto é notório.
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No SBT, temos "As Aventuras de Poliana". E aí, temos a melhor novela no ar atualmente. Ela tem muitas qualidades e é a maturação de Íris Abravanel como autora. Correta, com elenco carismático e uma protagonista extremamente talentosa, a ótima Sophia Valverde, a trama infantil é bem gostosinha de se acompanhar.
Mas "Poliana" ser a melhor não é exatamente bom, porque atualmente, ela é mais por exclusão e má fase das outras. Uma novela infantil tende a agradar mais o público com menos exigência, e tem um texto apenas bom.
E esse é o ponto: quando a melhor novela num país produtor como nosso, tem seu texto apenas "OK", tem algo estranho conosco. Estamos num período nebuloso de novelas, pasteurizadas e sem ousadia, sempre indo pelo caminho mais fácil.
Espero que "Verão 90" - que estreia no dia 29 de janeiro na Globo - seja melhor, pois precisamos de um dramalhão legal para acompanhar.
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