Antenado

"Jesus" está longe de ser uma novela ruim, mas falta alguma coisa


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Divulgação/Record TV

Quando se decidiu que "Jesus" seria a próxima novela bíblica da Record TV, meio mundo cantou vitória. Afinal, a história do Salvador é a mais antiga e a mais conhecida de todo o mundo. E se a emissora já tem um expertise grande no quesito novela bíblica, não tinha como dar errado.

O problema é que quem cantou a vitória esqueceu de três fatores:

1 - "Jesus" veio depois de "Apocalipse", uma novela que foi pretensiosa e desastrosa ao extremo;

2- Ainda após "Apocalipse", a Record TV exibiu "Lia", uma série que, literalmente, só serviu pra tapar buraco de tão chata que era;

3- A própria emissora desgastou o gênero com tantas reprises das produções.

"Jesus" não é exatamente um fracasso. Com 43 capítulos exibidos, a média até agora é de 10 pontos no Ibope. No mesmo período, "Apocalipse" estava marcando 7,5 pontos. É mais ou menos o mesmo patamar de audiência de "O Rico e Lázaro".

Das tramas bíblicas que assisti, "Jesus" é a que tem o melhor texto. Dinâmico, até ousado para um folhetim bíblico e curioso. Achei corajosa a decisão de retratar os outros filhos de Maria, mãe de Jesus, por exemplo. E ousadia é o que as novelas religiosas menos tem.

Outro ponto positivo é a direção de Edgard Miranda, que aposta em planos mais modernos e menos contemplativos, como fazia Alexandre Avancini em "Os Dez Mandamentos", por exemplo. Por mais que se siga um padrão, Edgard tenta fazer diferente na medida que pode fazê-lo.

Sobre o elenco, não tem como elogiar Dudu Azevedo. A escolha se mostrou errada, uma vez que seu Jesus gosta de ficar contemplando. O tempo todo Dudu olha para o nada, como se estivesse vendo um eterno por-do-sol. É uma interpretação distante e fria.

\"Jesus\" está longe de ser uma novela ruim, mas falta alguma coisa

Como bons destaques, cito aqui duas atrizes. A primeira é Day Mesquita, como Maria Madalena. Day mostra, definitivamente, que evoluiu muito como atriz - antes da novela, ela já tinha sido um dos destaques do enfadonho filme "Nada a Perder". É uma interpretação contundente e com a emoção que a personagem pede. Aposta até ousada para quem via de longe, Day tem mostrado capítulo a capítulo que mereceu a chance.

Quem também está divertida é Mayana Moura, como Lúcifer. Divertida, malandra em alguns momentos e definitivamente fascinante, é a melhor personagem até aqui - e a que tem o melhor texto também, diga-se. Quem diria que seria bom ver Lúcifer numa novela sobre Jesus...

"Jesus" não é uma novela ruim, longe disso. Das bíblicas que vi, foi a que mais me atraiu. Mas falta algo. Uma espécie de "magia", que por algum motivo, tinha de sobra na chatíssima, mas bem sucedida "Os Dez Mandamentos". Quando a novela está no ar, não é chata de ver, mas falta alguma empolgação, algo que a torne realmente imperdível. Mesmo com qualidades e defeitos, falta alguma coisa para "Jesus" emplacar de vez.

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