Homenagem

O dia em que eu fiz Caio Junqueira se sentir uma criança novamente

Ator faleceu na manhã desta quarta-feira (23), após não resistir a um grave acidente de carro


Caio Junqueira
Divulgação

Na manhã desta quarta-feira (23), o Hospital Municipal Miguel Couto, no Rio de Janeiro, confirmou a morte do ator Caio Junqueira, aos 42 anos, depois de um grave acidente de carro sofrido há exata uma semana. Infelizmente, era a notícia que ninguém queria.

Caio se vai jovem, com um grande tempo de carreira e de muitas histórias para serem contadas. Ao grande público, será sempre o policial Neto, do lendário "Tropa de Elite", de 2007.

Os fãs de novela e de outras produções na TV se recordam de suas participações recentes na Record TV, como "Ribeirão do Tempo". Pessoalmente, o melhor papel dele para mim foi o policial corrupto Homero Dias, em "A Lei e o Crime".

Nunca encontrei Caio Junqueira pessoalmente, apesar de ter seu contato desde uma história em 2016. Mas esse contato foi tão especial, e tão inesperado, que depois de acontecer essa tristeza, vale a pena compartilhar com os leitores.

Em 2016, mais exatamente em 26 de junho daquele ano, eu escrevi uma matéria aqui para o NaTelinha contando uma curiosidade: que o nome do até então novo programa de Márcio Garcia da Globo, "Tamanho Família", seria uma repetição da emissora, que não costuma fazer isso.

O dia em que eu fiz Caio Junqueira se sentir uma criança novamente

O título já havia sido usado numa série, de 1985, produzida pela extinta Rede Manchete. Tal seriado também chamava a atenção, pois era a primeira experiência de Miguel Falabella, hoje um reconhecido roteirista de séries em TV aberta, como autor de um programa daquele estilo.

Além de ter grandes nomes no elenco, como Diogo Villela, Suely Franco e Zezé Polessa, foi o primeiro trabalho de Caio Junqueira na televisão, quando ele tinha apenas 9 anos.

Matéria feita, publicada e deixo pra lá, afinal rotina de jornalista é puxada. Cerca de um mês depois, no dia 21 de julho daquele ano, recebo uma solicitação de mensagem no meu perfil no Facebook, de alguém que não era o meu amigo. Acho curioso e abro a tal mensagem. Quando vejo, era alguém com o nome Caio Junqueira.

Checo sua veracidade e, de fato, era o ator. Ele tinha entrado em contato comigo para agradecer, de forma simples e bonita, a matéria feita justamente sobre o seu primeiro trabalho na televisão, e que ele lembra com muito carinho.

"Oi Gabriel, tudo bem? É sua a matéria sobre 'Tamanho Família'? Sou o Caio mesmo... Se for você, só gratidão e toda a felicidade do mundo a você!", disse ele no primeiro contato. Eu agradeci e elogiei o seu trabalho.

Logo depois, Caio me mandou outra, pedindo o meu telefone, para agradecer de forma mais "direta". Ele me ligou e falou sobre o seriado, que nunca tinha visto matérias ou algo relembrando na internet.

O dia em que eu fiz Caio Junqueira se sentir uma criança novamente

Mais que isso: ele se emocionou porque lembrou do pai, o ator e diretor Fábio Junqueira, que havia morrido anos antes. Foi por incentivo do pai que ele fez o teste para o programa e foi aprovado. O pai que o levava em boa parte das gravações. Ele se sentiu criança novamente, lendo a matéria do NaTelinha.

Caio Junqueira se emocionou e se despediu de mim, numa ligação que durou cerca de 20 minutos. Depois, nunca mais falei com ele. Sei que havia encerrado sua conta no Facebook recentemente, por opção própria. Mas o seu contato sempre esteve com este mero repórter.

Saber de sua morte foi triste, e contar essa história é uma forma de homenagear o que de fato Caio Junqueira foi: um cara bacana, educado e muito guerreiro.

Fique em paz, Caio.

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