Publicado em 19/12/2021 às 07:22:19, atualizado em 19/12/2021 às 14:25:54
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André Tal, 43 anos, teve um diagnóstico de Parkinson precoce, quando tinha apenas 39. O assunto, claro, abalou bastante o jornalista da Record, que durante anos preferiu não falar sobre a doença neurológica publicamente e vivenciou em silêncio todas as limitações e dores em seu corpo, seja em momentos com a família ou durante suas reportagens a trabalho. Ele tem 22 anos de carreira, trabalha há 16 na Record e foi correspondente durante oito anos, com passagens pelo Japão e Inglaterra.
Há poucos dias, André decidiu tornar esse assunto público para uma reportagem especial exibida dia 5 de dezembro no Domingo Espetacular, no qual ele se submeteu a um tratamento desenvolvido pelo médico neurocientista brasileiro Marc Abreu e falou ao NaTelinha de que forma a terapia inovadora, feita através de choque térmico, tem mudado sua vida e como foi libertador falar sobre a doença.
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"São dois lados, me sinto mais leve e mais feliz porque esconder é uma coisa muito pesada, te consome uma energia enorme, e a energia que me faltava para andar. Por outro lado, sei que as pessoas me olham e sabem que tenho isso. De alguma forma, posso esperar olhares procurando alguma coisa diferente no jeito de agir, me observando para ver se acham algum sinal da doença".
Além de voltar a ter o olfato, que havia perdido há 10 anos anos, André notou diferenças significativas em sua vida.
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"Me sinto muito melhor, o resultado até o momento foi muito positivo. Muita gente está me perguntando se vale a pena, se faz, acho que é muito particular, é um tratamento que pessoa tem que conversar com a família. Achei que deveria fazer e a minha experiência até o momento foi positiva. A doença não desapareceu, mas ela ficou muito mais leve e fácil de conviver até esse momento".
A força de todos os sintomas diminuiu para ele após a terapia, feita através de indutores de impulsos na cabeça que provocam um choque térmico que fazem o paciente suar bastante durante duas horas com o calor que chega a 100 graus e pode causar pressão no corpo. Na reportagem, André relatou que o desconforto se transforma em agonia e ansiedade e a indução foi muito mais difícil do que ele imaginava. Apesar de todas as dificuldades, o resultado tem valido a pena.
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"Meu jeito de andar que estava um pouco comprometido, está bem menos, a velocidade dos movimentos que era bem lenta, é muito maior, a coordenação motora melhorou. Antes eu tinha duas horas de bem-estar que não sentia a doença atacando, hoje tenho 20, 22 horas por dia ou até 24 horas de bem-estar, estou muito mais feliz .O Parkinson não é só sintoma motor, é uma sensação de mal-estar, de você se sentir incomodado, de estar numa mesa e querer entrar num buraco e isso mudou", relata.
No sábado da semana anterior, André diz ter vivido um dia muito agradável, conseguiu socializar com os vizinhos do seu condomínio sem se sentir incomodado com os efeitos da doença em seu corpo.
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"Sábado eu estava na piscina do prédio, me chamaram para tomar um chopp e eu consegui sentar, relaxar, sem que a doença tivesse ali me incomodando. É muito grande isso, os sintomas estão menores e a sensação de bem-estar, ela está bem melhor".
"Na hora que a doença está te atacando, seu corpo está rígido e aquilo vai te incomodando, dá ansiedade, e se você está leve e solto, tudo fica mais espontâneo. Nos últimos anos, eu estava sempre com a cara amarrada, nunca me isolei porque continuei trabalhando, mas era pouco afeito a muita conversa porque estava incomodado comigo mesmo, agora me sinto mais a vontade, o riso sai fácil".
André Tal fala da alegria de jogar futebol com os filhos com agilidade: "Isso não tem preço"
A reportagem exibida no Domingo Espetacular mostrou depoimentos dos filhos de André, Avi e Benjamin, de 7 e 5 anos. Os meninos falaram que não viam a hora de ver o pai voltar a jogar futebol como antes. E deu tudo certo. Na mais recente partida entre pais e filhos, ele ouviu elogios e fala com orgulho de como tem sido gratificante voltar a ter agilidade.
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"Nunca deixei de jogar futebol com os meus filhos, mas estava muito difícil, perdia o domínio da bola, ficava cansado e agora está muito mais fácil. Ele falou comigo no sábado, orgulhoso, que estou jogando que nem uma flecha, me vendo como herói e isso não tem preço".
Casado há 13 anos com Michelle Tal, que esteve ao lado dele durante o tratamento nos Estados Unidos com palavras de otimismo, o jornalista conta como apoio da família é fundamental nesta luta contra a doença.
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"A minha esposa me disse quando fui diagnóstico que antes de a gente casar, se ela soubesse que teria Parkinson, mesmo assim teria casado comigo".
Para garantir cada vez mais qualidade de vida, ele acredita que terá que se submeter a mais uma sessão da terapia, mas prefere não pensar nisto no momento e curtir os benefícios que adquiriu até agora. "Inevitavelmente vou me submeter a mais uma sessão para melhorar mais ainda e, de alguma forma, impedir o avanço da doença, mas não quero pensar nisso agora. Quero curtir o momento. Sábado foi meu melhor dia em anos".
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Com inúmeras reportagens de grande repercussão, dois prêmios Esso de Jornalismo e cheio de ideias na cabeça, André quer focar em produzir mais e não quer que as pessoas o enxerguem diferente por ter tornado público o diagnóstico da doença. Pelo contrário, ele elogia o apoio que tem recebido da direção da Record e toda a confiança. Este ano, mesmo com todas as dificuldades do Parkinson, ele viajou para fazer reportagem em Israel e fez parte da cobertura olímpica em Tóquio.
"Sei que isso vai marcado com o meu nome, como o repórter que quebrou o silêncio e falou sobre Parkinson. Quero que as pessoas continuem me vendo como um grande repórter, com grande capacidade jornalística, quero ir para cima. 2021 foi meu ano mais difícil de saúde, mas foi meu ano mais produtivo com 22 anos de carreira".
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"Não quero ficar preso a esse estigma que tem Parkinson, tenho orgulho de ter falado, isso vai me acompanhar, mas quero focar em projetos e grandes reportagens como fiz antes e durante essa luta com a doença. Tenho um cargo grande de repórter especial, sou respeitado pela alta cúpula da emissora, quero usar apenas isso ao meu favor. 2022 quero trabalhar forte, viajar o mundo, fazer grandes coberturas, mostrar que apesar da doença, estou forte e continuo sendo o mesmo repórter André Tal".
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Para evitar o progresso da doença, André pratica esporte com frequência, faz dança contemporânea, que ajuda nos movimentos, acupuntura, fonoaudióloga e terapia, "para me ajudar a lidar com esse fantasma da doença", diz ele.
"O tratamento é muito além do que tomar remédio, é com suplemento, esporte, dança, terapia, medicação. Ocupa boa parte do meu tempo, meu foco fora o trabalho e a família é bem bem-estar com a superação da doença".
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