Guerra política

Emissora proíbe jornalistas de usarem vermelho, denuncia sindicato

Segundo o SindJor, a Ricmais teria feito a proibição por conta da cor ser ligada ao PT


Lula de vermelho
Ricmais proibiu funcionários de usarem vermelho - Foto: Reprodução
Por Daniel César

Publicado em 13/09/2022 às 18:07,
atualizado em 14/09/2022 às 12:57

O SindJor (Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná) emitiu nota nesta terça-feira (13) denunciando a RicMais, grupo ligado a Record e à Jovem Pan. Segundo o documento, os funcionários da empresa estariam sendo assediados moralmente e proibidos de usarem roupas com as cores vermelha e bordô. A proibição seria fruto da polarização política e em virtude de lembrarem os elementos ligados ao PT, de Luiz Inácio Lula da Silva.

"O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná (Sindijor Norte do PR) vem, de público, denunciar e repudiar decisão do grupo RICtv de assediar moralmente seus jornalistas (repórteres e apresentadores). O grupo do senhor Petrelli Neto (Leonardo) proibiu os jornalistas de irem ao ar com roupas nas cores vermelho e bordô", diz trecho da nota a que o NaTelinha teve acesso.

Ainda no documento, o Sindicato segue a denúncia. "A proibição, em um momento de grave polarização eleitoral, evidencia um claro posicionamento do grupo em prol da candidatura do atual presidente à reeleição. Uma opção eleitoral incompatível com o caráter de uma emissora que é concessão pública."

A ligação a que o trecho se refere diz respeito a Jair Bolsonaro (PL). O atual presidente conta com a simpatia tanto da Record quanto da Jovem Pan. Leonardo Petrelli, presidente do grupo, já se reuniu mais de uma vez com o atual mandatário. E a nota termina com mais um repúdio.  "E é também um atentado às liberdades individuais dos jornalistas (repórteres e apresentadores). Esse cerceamento é inadmissível em pleno século 21. É irônico que a empresa, em seu site, apregoa uma independência editorial que é contrariada por essa ridícula proibição."

O NaTelinha procurou a RicMais, e recebeu a seguinte nota. "A RICtv, uma empresa do Grupo Ric, esclarece que a diretriz informada a apresentadores e repórteres sobre dress code busca a neutralidade e tem como objetivo  não dar margem a narrativas paralelas, a fim de que o  foco sejam apenas as informações apuradas e checadas. Como ocorre em todas as coberturas eleitorais, todos os nossos repórteres e apresentadores receberam direcionamento para apresentar os blocos sobre a disputa eleitoral com roupas de dores neutras, como cinza e azul marinho, evitando looks completos em vermelho, bem como em verde e amarelo."

Diferentemente do informado pela Diretoria Corporativa de Produto, Conteúdo e Convergência do Grupo Ric, a reportagem recebeu prints de conversas em um grupo da emissora que desmentem a versão. A responsável pelo figurino de todos os jornalistas do grupo liberou o verde e amarelo.

Emissora pode proibir vermelho?

Emissora proíbe jornalistas de usarem vermelho

A reportagem conversou com o jurista Marcos Antônio e questionou se a decisão da empresa é legal. "Não. Caso isso esteja sendo feito é assédio moral e cabe indenização, tanto individual quanto coletiva para os funcionários. O grupo pode ainda ser multado por descumprir a legislação trabalhista", explica ele.

Para ele, não se trata de manual de bons costumes, como algumas multinacionais costumam fazer, mas censura política. "Se for comprovada que a decisão tem cunho político é ainda mais grave", salienta. O NaTelinha entrou em contato com a campanha de Lula, que não quis se manifestar sobre o caso.

Lula e as emissoras de TV

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A guerra de Lula com as emissoras de TV ganham novos capítulos todos os dias nas Eleições 2022. Recentemente ele foi ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra a Record por conta da sabatina. Na última segunda-feira (12), no entanto, o Tribunal não concedeu a liminar pedida.

Além disso, o petista também se recusou a participar da entrevista na Jovem Pan e ainda não respondeu ao convite do SBT, que terá sabatina comandada por Ratinho. Ele também não sabe se pretende participar do debate promovido pelo canal de Silvio Santos, em parceria com a CNN.

Se com os canais ligados a Jair Bolsonaro o clima não é ameno, o oposto também acontece com outras. Na última segunda-feira, Lula esteve com a CNN Brasil. Ele já participou da entrevista do Jornal Nacional e pretende estar presente no debate da Globo.

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