É preciso parar de preconceito e assumir: Kéfera está salvando "Espelho da Vida" do marasmo
Publicado em 07/11/2018 às 10:19
No ar desde setembro na faixa das 18h da Globo, a novela "Espelho da Vida", escrita por Elizabeth Jhin, tem muitos defeitos. Tanto tem inúmeros problemas, que está sendo ameaçada em todo o Brasil pelo "Cidade Alerta", da Record TV.
Primeiramente, a trama principal, onde Cris (Vitória Strada) vai descobrindo que foi Júlia em vidas passadas, não é exatamente ruim. Mas é feita de forma tão pasmaceira, parada, sem um nexo que irrita.
Vale ressaltar aqui o esforço que a ótima Vitória Strada tem feito para dignificar o papel. Mesmo tendo uma personagem que simplesmente contempla e sofre com tudo, ela consegue manter a emoção e a verdade em cena.
Já Alain, de João Vicente de Castro, não é um bom personagem e a interpretação do ator também não é interessante. Alain notoriamente terá ares de vilão mais pra frente com a entrada de Pedro/Danilo, feito por Rafael Cardoso.
O texto é tão previsível que deixa claro quem é o cineasta na vida passada e na atual. Já João tem uma interpretação contemplativa, sempre olhando para o horizonte, para o nada... Até aqui, uma composição muito questionável.
No mais, o grande defeito da novela é a falta de acontecimentos. Elizabeth Jhin imprimiu um ritmo ainda mais lento do que já estamos acostumados a ver em suas produções, que nunca foram exemplos de velocidade e agilidade. Mas algo está errado aqui.
Citando novelas antigas, como "Escrito nas Estrelas" e "Além do Tempo", "Espelho da Vida" tem uma história fraca e muitas vezes entra no tom de "telecurso de espiritismo", o que incomoda bastante. Sem folhetim muitas vezes e indo pro tom didático, ela fica quase inaceitável muitos dias - o capítulo do último dia 3 é um exemplo claro disso.
A única exceção em relação a "Espelho da Vida" chama-se Kéfera Buchmann. E aqui, eu preciso praticamente pedir desculpas para a youtuber: de fato, achei que sua entrada na novela seria um problema, por sua única referência como atriz ser ruim.
Em 2016, Kéfera protagonizou o péssimo "É Fada", dirigido por Cris D'amato. Disparado o pior filme produzido naquele ano, Kéfera teve um desempenho dantesco. Definitivamente, não era um trabalho mínimo de atriz.
Com isso, as expectativas eram as piores possíveis para ela em "Espelho da Vida". Mas Kéfera calou minha boca. Até aqui, sua personagem, a transloucada Mariane, é o que tem salvado a novela das 18h do marasmo completo em muitos dias.
Em um texto crítico - e aí é mérito de Elizabeth Jhin - contra as celebridades vazias e uma atuação no tom excelente para todas as cenas, Kéfera mostrou que, de fato, é uma boa atriz e que merece ser vista com mais respeito e consideração nos próprios trabalhos.
Até aqui, "Espelho da Vida" tem valido apenas por causa de Mariane. De resto, parece um arremedo de todas as outras produções já feitas por Jhin. Chega a ser irritante as semelhanças e a falta de história. Vamos torcer para melhorar, mas o cenário não é nada bom.