Pode?

Genro de Silvio Santos diz que Globo descumpriu lei eleitoral em sabatina e erra

Ministro Fábio Faria deu a entender que a emissora privilegiou Lula

Fábio Faria derrapou ao dar uma informação que não procede sobre a Globo - Foto: Reprodução/Sérgio Lima Poder360
Por Daniel César

Publicado em 26/08/2022 às 16:00:00,
atualizado em 26/08/2022 às 16:05:52

O ministro das Comunicação Fábio Faria, que também é genro de Silvio Santos, acusou a Globo de ter cometido crime eleitoral. Nesta sexta-feira (26), o marido de Patrícia Abravanel usou as redes sociais para dar a entender que o canal havia privilegiado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas sabatinas do Jornal Nacional. Ele apontou que o petista teve mais tempo de fala no programa do que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e que isso fere a Lei de Eleições. Juristas especializados na área, no entanto, desmentem a versão.

Em seu Twitter, Fábio Faria foi enfático no discurso. "Foi desrespeito à Lei Eleitoral o que se viu no JN. Bolsonaro falou 12% a menos, foi interrompido 43 vezes. Lula, 15. Ciro, 11. A lei é clara. A Globo não pode dar tratamento diferenciado aos candidatos no período eleitoral", escreveu, antes de criticar o jornalista William Bonner, responsável por conduzir a sabatina ao lado de Renata Vasconcellos. "Bonner foi advogado de defesa de Lula ontem. Lamentável."

O ministro usou como base levantamento do site Poder360, compartilhado nas redes sociais. O argumento de Fábio se refere a Lei 9.504/1997, que dispõe sobre as eleições no Brasil. Em seu artigo 45, a legislação fala que nenhuma emissora pode privilegiar um candidato. Inclusive, a Jovem Pan pode ser apontada por crime com base neste mesmo artigo após levar Eduardo Bolsonaro (PL) para um programa.

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Genro de Silvio Santos está certo?

A acusação de Fábio Faria tomou conta das redes sociais, mas o ministro está certo? Segundo juristas de diferentes vertentes ouvidos pelo NaTelinha, não. Um dos maiores advogados em lei eleitoral do país, que atua para candidatos dos dois espectros políticos e que falou com a reportagem sob a condição de anonimato, chegou a rir da questão. Para ele, é sem propósito considerar o tempo de fala de candidato como se fosse um discurso de bar.

Para o advogado, a Globo deveria ocupar o mesmo tempo com cada convidado e isso foi seguido à risca, dando 40 minutos para os candidatos falarem. Na visão dele, as interrupções fazem parte da rotina de uma entrevista e depende também de como o presidenciável se comporta. Ele lembrou ainda que as regras foram acordadas na presença da equipe de cada um dos convidados, portanto, eles sabiam que haveria uma conversa, não um discurso.

Marcos Antônio, outro advogado que não atua diretamente com os políticos em 2022, concorda. Para ele, só haveria crime se a emissora tivesse dado tempo menor dentro do Jornal Nacional para Bolsonaro ou o interrompido durante o minuto final, que é discurso. Na visão do jurista, o que o ministro fez é jogo de cena.

Bolsonaro reclama da Globo

Mesmo não tratando como crime eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro também reclamou da Globo. Em seu perfil no Twitter, ele fez um longo discurso criticando a forma como sua entrevista foi conduzida na comparação com Lula. "Ninguém deveria estar surpreso. Na verdade, compreendo perfeitamente a Globo tratar melhor aqueles que estão dispostos a pagar mais. Eles são a esperança de dias melhores para a emissora. Nada mais coerente do que pegar mais leve. Estranho seria comigo, que fechei a torneira", iniciou.

E prosseguiu: "Apesar disso, sua liberdade foi preservada. Hoje a emissora pode até continuar promovendo perversidades como o aborto, as drogas, a ideologia de gênero, a inversão de valores e a destruição da família se assim desejar, só que não mais sustentada com rios de dinheiro público".

"A garantia que a Globo e a imprensa de forma geral sempre terá comigo é de jamais defender o seu controle, como pretende o outro lado. Para quem ama e defende a liberdade, isso não tem preço. Mas hoje, infelizmente, muitos são capazes de entregá-la por algumas moedas de prata."

Jair Bolsonaro

"Talvez se tivéssemos dado o que queriam, as boas notícias não seriam acompanhadas por um "mas" e sobrariam aplausos ao meu governo. Mas escolhemos investir no Brasil e não em elogios. Por isso o desemprego cai, a economia cresce, a violência diminui, mas a gritaria continua", concluiu.

Jovem Pan cometeu crime?

Diferente da Globo, a Jovem Pan pode ter cometido crime ao levar o filho do presidente para um programa de TV. Eduardo Bolsonaro é candidato a deputado federal e não poderia ocupar um espaço em que seus concorrentes não poderão aparecer. Essa foi a visão dos juristas ouvidos pela reportagem.

No caso em que o presidente foi levado ao Pânico, os advogados não entendem como crime. Embora o programa não conste como oficial nas sabatinas da Jovem Pan, todos os outros candidatos tiveram o mesmo espaço. Lula ainda não, mas dificilmente comparecerá, já que ele negou o espaço dado no Jornal da Manhã.



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