Publicado em 07/09/2022 às 06:07:00
Depois que Dani Calabresa denunciou Marcius Melhem por suposto caso de assédio, a Globo tomou uma decisão. Aparentemente, a cúpula do canal jogou a culpa do caso em todo o departamento de humor e não nos indivíduos. Rapidamente, o canal foi se livrando um a um dos projetos e, um formato que sempre teve espaço de protagonismo na grade de programação, agora é tratado como uma espécie de lata de lixo.
Calabresa e Melhem são relativamente jovens e fazem parte da nova geração do humor do país. Os mais desavisados podem tratá-los como os expoentes do riso na TV brasileira, mas isso passa longe de ser verdade, principalmente na Globo. Nenhum dos dois tinha sequer nascido quando a emissora passou a investir no estilo, logo nos primórdios de seu nascimento como rede.
Ao colocar um ponto final em um departamento histórico, a nova direção de dramaturgia ignorou protagonismos históricos com Jô Soares, Chico Anysio, além de tantas marcas fortes. Foi na Globo que o TV Pirata (1988) virou mania nacional e, anos depois, o Casseta e Planeta (1992) determinou o que era ou não engraçado para a televisão. A emissora carioca investiu pesado no formato ao criar o Sai de Baixo (1996), Os Normais (2001) e A Diarista (2004).
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Todos os programas citados sempre tiveram espaço de gente grande na programação do canal. Sempre no horário nobre e alguns deles recebendo diretamente da novela das novela das nove, como era o caso de A Grande Família (2001).
O século XXI mostrou que a Globo estava interessada em inovar, como sempre fez. Foi buscar na MTV o novo humor e investiu em nomes como a própria Calabresa, Tatá Werneck e Marcelo Adnet. Daí nasceu programas épicos como o Tá no Ar, sucesso de crítica. E outras ideias foram sendo colocadas em prática, como o novo Zorra (2015) e o Pais de Primeira (2018). Até surgir a denúncia de assédio.
Além de desligar Marcius, que era o responsável pelo departamento de humor, o canal foi se livrando discretamente de outros profissionais ou os encostando. A própria Dani Calabresa perdeu o contrato fixo e não há mais nenhum programa inédito de humor na Globo. A emissora passou a sobreviver de sucessos antigos, com as reprises constantes da nova Escolinha (2015), do Sai de Baixo ou do infindável Vai que Cola (2013).
Quem acompanha as séries de humor ou os humorísticos do canal tem a impressão que o assédio só aconteceu porque existiam os programas. Sem produção, sem assédio. Será que é isso que pensa a Globo?
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