Opinião

Atuação da Semana: Renato Góes exorciza Pantanal com vilão de Mar do Sertão

Ator terminou a participação como José Leôncio e já está concentrado em novo papel


Cena de Mar do Sertão com Renato Góes
Renato Góes arrasa em Mar do Sertão - Foto: Reprodução/Globoplay

Nem sempre é fácil acertar a composição de um personagem, dois então é muito mais difícil. Não para Renato Góes que conseguiu, sem ajuda de cramunhão, exorcizar seu José Leôncio, na primeira fase de Pantanal, para criar o irresistível e atrapalhado vilão de Mar do Sertão.

Quando ele foi anunciado como Tertulinho da nova trama das seis, houve quem torcesse o nariz, afinal o moço mal acabara de deixar o elenco da trama das nove e como o protagonista da fase inicial. De fato, não é de bom tom a repetição de rosto em produções tão próximas. Mas Góes mostrou que é possível fazer sem parecer repetitivo.

Desde a primeira sequência de Mar do Sertão ele incorporou outra pessoa, usando técnicas diferentes para abandonar de vez a memória afetiva do público a seu José Leôncio. Não só a fala com prosódia nordestina chama a atenção, vai muito além. O jeito malemolente e escorregadio com que as palavras saem de sua boca dão um charme que transformam Tertulinho o mais distante possível do peão da novela das nove.

Além disso, há outro desafio. Interpretar um vilão que caia nas graças do público. Quando o antagonista é rejeitado, normalmente as novelas sofrem porque é ele quem dá o tom do conflito. Tertulinho poderia ser duro, quase grosso, o texto permitia. Mas o ator buscou um caminho que transformou o personagem.

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Se o Leôncio era forte porque dependia de sua intuição e por ser justo quase o tempo todo, Tertulinho é o oposto. O personagem é frágil, quase um cristal e se borra de medo de tudo. Mas sempre com um jeito escorregadio e quase inocente. É impossível não se encantar.

Góes fez dois personagens antagônicos num período muito curto de tempo e ambos com técnicas para conquistar o público. Tertulinho tem uma vantagem: é leve, divertido. O vilão sem noção pode parecer mais fácil de interpretar, mas é o oposto difícil. Fazer maldades enquanto diverte e horroriza é tarefa para grandes atores. E Renato Góes está mostrando que é desses.

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