Atuação da Semana: Em Dona de Mim, Suely Franco mostra que idosos precisam de mais espaço
Suely Franco mostrou que há espaço para artistas mais velhos em nossas novelas
Publicado em 10/08/2025 às 08:20
Desde os anos 90, quando a telenovela brasileira passou a ter certa maturidade, artistas mais velhos que, no início da era da TV foram galãs e mocinhas, reclamam da falta de espaço com personagens mais velhos em nossa dramaturgia. Inúmeras vezes ficou provado que basta abrir oportunidades e a experiência quase centenária pode brilhar intensamente. Foi o que aconteceu nesta semana em Dona de Mim, com Suely Franco emocionando qualquer telespectador em fortes e trágicas sequências.
A personagem sempre chamou a atenção por uma trama complexa e recheada de densidade. Com lapsos de memória, Rosa parece ter alguma doença que nunca fica clara e que mudaria a dinâmica da empresa. Suas aparições são sensíveis e bem colocadas, ainda que não seja mais possível um trabalho que exija imenso esforço físico, como quando Filipa exigiu um intenso trabalho de Claudia Abreu.
Na recente semana, os telespectadores se despediram de Abel (Tony Ramos) após uma sequência de capítulos eletrizantes, que recuperaram o fôlego e deram um novo rumo e esperança de que Dona de Mim tenha se encontrado. Em um momento em que tantos atores e atrizes brilharam, inclusive nas cenas de ação, alguém chamou a atenção: Suely Franco.
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No alto dos seus 85 anos, a atriz mostrou que basta ter espaço e ela irá roubar a cena. Todas as cenas desde o sumiço de Abel, até a descoberta do acidente e o corpo ser encontrado foram tocantes quando Rosa aparecia. Mas foi no sepultamento que o público acompanhou o trabalho de um artista agigantada e que teve, em muitos anos, uma rara oportunidade para mostrar sua versatilidade.
A emoção palpável de Rosa ao enterrar o próprio era impossível não envolver quem estivesse assistindo. Isso porque, sua intérprete entregou tudo na sequência, com respiração ritmada, frases que mudavam de entonação e força, além de uma forte carga dramática nos olhos. Suely sabe das coisas e se concentrou em colocar na tela um trabalho irretocável para encontrar o mais fundo do telespectador.
Também chamou a atenção dois outros momentos: quando ocorre o acidente e o espírito de Abel se despede da mãe, ainda sem ela saber que o filho está no morto, numa linda sequência no quarto. E, durante a briga de Jaques (Marcello Novaes) e Samuel (Juan Paiva), o jovem avisa que deixará a mansão e a avó explode aos prantos.
Ao ser a primeira atriz negra ao vencer o Emmy na categoria de atriz, Viola Davis fez um forte discurso, que caberia para o impressionante trabalho de Suely Franco nesta semana, ao lembrar que os artistas idosos podem entregar muito. "Você não pode ganhar um Emmy por papéis que não existem". E também não se pode brilhar se for idoso e não tiver oportunidades.