Nova temporada de Mundo da Lua é um oásis em tempos de Tiktok
Entre erros e acertos, volta de Mundo da Lua aposta na inteligência para crianças na TV

Publicado em 29/06/2025 às 18:26,
atualizado em 29/06/2025 às 18:27
A segunda década do século XXI colocou o mundo numa busca incessante por vídeos virais que assusta. As maiores vítimas são as crianças, não à toa vários países, inclusive o Brasil, proíbem o uso do smartphone em sala de aula, tamanho o prejuízo cognitivo. Enquanto o TikTok ensina os pequenos sobre a necessidade urgente de histórias de um minuto, a volta de Mundo da Lua parece tentar devolver a inteligência para a formação intelectual de nossas crianças.
O primeiro episódio do revival, que está sendo chamado pela Cultura de 2ª temporada, que foi disponibilizada pela emissora no último sábado (28), aposta na memória afetiva para tentar reconectar o público adulto e que era infantil nos anos 90. A história de Lucas Silva e Silva está intrinsicamente ligada a qualquer brasileiro que tivesse entre 8 e 15 anos no início da década de 90, por isso não se poderia ignorar esta fatia do público.
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Nesta toada, o roteiro de Flávio de Souza buscou o tempo todo referenciar a obra original, que também era dele, mas escorregou. Principalmente porque tentou espelhar o episódio piloto, em que Lucas fazia aniversário de 10 anos e recebia o gravador que mudaria a história da família. Nesta nova temporada, não ficou claro qual será o mote da nova temporada, principalmente porque houve uma longa aposta na nostalgia e não na dramaturgia das personagens.
Do ponto de vista da produção, a decisão de Flávio de construir um roteiro para causar lembranças do público original não combinou com o que se viu em cena. Isso porque somente dois atores retomaram seus papéis originais. Antônio Fagundes, que parece nunca ter deixado de ser o eterno Rogério Silva e Mayana Blum, como Juliana Silva e Silva. Marcelo Serrado substituiu, com boa interpretação, diga-se, Luciano Amaral no papel principal e Bárbara Bruna entrou no lugar de Mira Haar, como Carolina.
Chamou a atenção ainda o fato da empregada "que está na família há séculos" se chamar Berê e não Rosa. Obviamente Ana D'Lira não retomaria o papel, já que nem no Brasil mora mais e abandonou a carreira após o trabalho. Mas como houve tantos nomes diferentes para um mesmo papel, a nova funcionária da casa ficou deslocada.
Ainda assim, o primeiro episódio de Mundo da Lua retoma o universo fantástico e mostra que Lucas Silva e Silva criou sua filha, Vivi nos mesmos moldes de sua criação, livre e inventiva. Além disso, o roteiro à vontade, pedagógico e criativo, sem contudo ser didático, mostra também que Flávio de Souza não perdeu a mão.
A volta de Mundo da Lua tem erros e acertos e outros episódios terão de mostrar a que veio para entrar na história, como a primeira temporada o fez 34 anos atrás. Num momento preocupante em que não existe mais programação infantil na TV, em que o streaming parece cada vez mais comercial e o TikTok prejudica a cognição infantil, a volta da série é um oásis ao apostar na inteligência humana como fonte de inspiração para a dramaturgia formar nossas crianças.