Atuação da Semana: A grande composição de Débora Bloch em Vale Tudo
Débora Bloch se achou como Odete Roitman em Vale Tudo
Publicado em 24/08/2025 às 11:45,
atualizado em 24/08/2025 às 12:34
Cora Coralina já nos ensinava que "aprendi que mais vale lutar do que recolher tudo fácil. Antes acreditar do que duvidar". Débora Bloch é, certamente, uma mulher corajosa e não há espaço para contradições nesta afirmação. Uma artista que aceita interpretar a vilã das vilãs num remake e que seria o tempo todo comparada à obra original de Vale Tudo não demonstra medo ou resignação no próprio trabalho.
Ao dizer sim para Odete Roitman, Débora entrou em um túnel cujo final seria inimaginável. Sua primeira aparição na pele da perversa vilã vivida originalmente por Beatriz Segall (1926-2018), ainda no teaser do remake já deu o que falar por conta de várias críticas nas redes sociais (que normalmente mais julgam que analisam, de fato).
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Conforme Vale Tudo foi se estabelecendo, no entanto, a atriz mostrou a versatilidade que lhe é comum e ficou claro que tratava-se de uma escolha acertada. Embora sua Odete seja completamente diferente, ora mais frágil, ora mais humana, que a original, Débora a compôs com maestria e conquistou fãs e haters na mesma medida, justamente por achar o tom humanizado de uma vilã que não tinha nada de humana.
Não há como comparar o trabalho de Segall e Bloch. Não porque o politicamente correto não gosta de comparações, a vida é cheia delas, mas porque elas não interpretaram a mesma personagem. A vilã das vilãs segue sendo a Odete Roitman de 1988, sem nenhum escrúpulo e com uma elegância e interpretação tão enriquecedora que parecia banal.
Por outro lado, a autora Manuela Dias criou outra personagem na nova versão e deu a oportunidade de Bloch encontrar outros caminhos para fugir das comparações. Esta Roitman é muito mais mulher, mais sedutora - não só na cama - e com pitadas de atitudes humanizadas e certeiras que quase nos fazem torcer por ela.
Na semana recente, Odete começou a assistir a queda de sua família - e vai piorar - enquanto a atriz teve um prato cheio para brilhar numa sequência de cenas que só gente grande saberia segurar o rojão. Débora é inteligente, preparada e soube construir seu próprio caminho até chegar a este momento, que possivelmente pode ser tratado como o auge de uma carreira vitoriosa. Não é qualquer pessoa que interpreta Odete Roitman.
Nunca iremos saber como seria a vilã nas mãos de Fernanda Torres, uma escolha obviamente muito mais ousada e fora da caixa, mas que o destino não nos permitiu acompanhar. Porém, a essa altura, não resta espaço para críticas, devaneios ou lamentações pela escolha. Se Beatriz Segall foi perfeita em 1988, Débora Bloch é a Odete Roitman perfeita de 2025.