Atuação da Semana: Débora Bloch deu dignidade à nova Odete Roitman
Odete Roitman da nova versão de Vale Tudo nada teve a ver com a original, mas Débora Bloch brilhou
Publicado em 05/10/2025 às 13:20
Interpretar a maior vilã de todos os tempos certamente não é uma tarefa fácil. Quando se tem em mãos um remake controverso, como é o caso de Vale Tudo, a composição parece ser ainda mais difícil. Mas nenhum entrevero foi capaz de barrar Débora Bloch, que conseguiu dar dignidade à nova Odete Roitman, que não teve nenhum traço de semelhança com a original e, se funcionou em algum contexto, foi por conta da capacidade de sua intérprete.
Se a Odete Roitman de Beatriz Segall planava plena, quase como uma espécie de deus, acima do bem e do mal e não se abalava com rigorosamente nada, a de Débora foi o oposto. Sem nenhum traço de divindade das trevas, ela era apenas um ser humano perverso e cheio de preconceitos, que provocava arrepios em quem passava seu caminho.
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Manuela Dias não reescreveu a vilã das vilãs e nem permitiu que a atriz tivesse elementos para fazer um trabalho inesquecível. Ainda assim, Bloch entendeu cedo que precisava mudar o tom, não apenas para fugir das comparações, mas também pela necessidade do texto, que pedia uma personagem mais humanizada e até com sentimentos - impensável na versão de 88.
Na semana mais recente, os últimos capítulos antes da morte (prevista para acontecer nesta segunda-feira (6), Odete Roitman deixou de ser uma empresária megalomaníaca de sucesso e cruel e se transformou numa serial killer descontrolada. Ainda que nada do que foi ao ar fizesse algum sentido, do ponto de vista da linha narrativa do remake, a intérprete da vilã brilhou em cada aparição.
Seja no assassinato frio de Ana Clara (Samantha Jones) ou na sequência com alta voltagem em que a família Roitman descobre que Leonardo (Guilherme Magon) estava vivo. Em todos os embates melodramáticos, Débora deu uma perspectiva humanizada e perversa para sua personagem.
A atriz também acertou o tom nos embates finais, muito mais minimalistas, com Marco Aurélio (Alexandre Nero), em que o texto estava no que não era dito. Para fechar a semana com chave de ouro, seu plano para matar Maria de Fátima (Bella Campos), embora cheio de falhas de roteiro, algo impensável para alguém com a mente privilegiada de Odete, permitiu que Bloch entregasse uma grande interpretação.
O grande momento da semana, no entanto, foi na sequência de flashback. Ao revelar como Leonardo sobreviveu (uma bobagem sem fim), a atriz cresceu como poucas vezes se viu e entregou uma das melhores interpretações de toda a novela desde a estreia.
A chance de interpretar Odete Roitman certamente não vai acontecer tão cedo para alguém. Ao final da trajetória da personagem, Débora Bloch apagou a má impressão do teaser e sai de cena com uma interpretação muito segura e com muita entrega. Mas não repetiu a dose de transformá-la em a vilã das vilas. Culpa da autora.