Dramaturgia e jornalismo foram as forças da Globo no Melhores do Ano NaTelinha 2019
Coluna analisa os vencedores de premiação do NaTelinha, que contou com mais de um milhão de votos
Publicado em 18/12/2019 às 17:54
O NaTelinha divulgou na manhã desta quarta-feira (18) os resultados do Melhores do Ano NaTelinha 2019. Com mais de um milhão de votos, a edição deste ano trouxe uma mudança de cenário: se no ano passado a Record foi a maior vencedora, agora a Globo dominou todas as categorias, com ênfase especial na teledramaturgia e no jornalismo.
Nas categorias novelísticas, não deu outra: Bom Sucesso, novela das 19h de Rosane Svartman e Paulo Halm, garantiu os prêmios de Melhor Novela e de Melhor Atriz/Melhor Ator para seus protagonistas Grazi Massafera e Rômulo Estrela, intérpretes do casal principal (Paloma e Marcos). A vitória é fruto do bom trabalho de toda a equipe ao desenvolver um enredo popular com inteligência, pautado na literatura e sem precisar subestimar a inteligência do público – não à toa é o melhor sucesso do horário desde a aclamada Cheias de Charme.
A grandiosa Fernanda Montenegro foi aclamada como Coadjuvante do Ano, por sua impecável participação na reta inicial de A Dona do Pedaço, como a matadora matriarca Dulce – um grande desempenho no ano em que a intérprete chegou aos seus 90 anos de idade. Na categoria de revelação, Kaysar Dadour, participante do BBB18, venceu por seu trabalho como o capanga Fauze, homem de confiança do vilão Aziz na problemática Órfãos da Terra. Kaysar conseguiu contornar bem a péssima condução do enredo e aproveitou todas as oportunidades.
Sob Pressão, ainda mais afiada na terceira (e quase última) temporada, garantiu o título de Melhor Produção Dramatúrgica Além das Novelas, especialmente pelo décimo episódio, que contou com um show absoluto de Marjorie Estiano e pela estreia arrebatadora de Júlio Andrade como diretor, em três longos planos-sequência sem qualquer corte (um para cada bloco). Em Melhor Produção de Streaming, a força da Netflix (que concorreu com Sintonia, O Mecanismo e a elogiada Coisa Mais Linda) não foi suficiente para barrar a nova temporada de Sessão de Terapia, que trouxe a estreia de Selton Mello como protagonista – devido à impossibilidade da participação do grande Zécarlos Machado, contratado da Record.
Ainda na TV paga, a quarta temporada do Lady Night, embora mais curta devido à gravidez de Tatá Werneck (que enfrentou enjoos durante as gravações), manteve o tom afiado e escrachado da humorista, que deu à luz sua filha em outubro. O talk show garantiu mais uma vez o prêmio de Melhor Talk Show, derrotando o consagrado The Noite, os novatos Programa da Maísa e Que História é Essa, Porchat (grande revelação do segmento) e o ótimo Conversa Com Bial.
O ano também não deixou de lado as polêmicas e os babados: Na categoria 2019 foi o ano de..., Sandy e Junior foram agraciados pela memorável turnê de comemoração de 30 anos de carreira da dupla, finalizada em 2007 e que lotou estádios e arenas país afora relembrando os grandes clássicos dos irmãos. Em relação à grande polêmica do ano, a escolhida foi a falsa acusação de abuso sexual movida por Nájila Trindade contra o jogador Neymar – que causou até mesmo a saída do repórter Mauro Naves da Globo.
O SBT, por sua vez, mostrou que o entretenimento é mesmo a sua grande vitrine, tanto que quatro das seis categorias foram destinadas justamente a esta área. As polêmicas recentes envolvendo Silvio Santos (como a acusação de racismo por manipular o resultado de um quadro, ou o favorecimento explícito ao presidente Jair Bolsonaro e aliados) não abalaram o prestígio do comunicador, eleito como Melhor Apresentador pelos leitores do NaTelinha. Eliana, por sua vez, repetiu o trunfo do ano passado e foi novamente coroada como Melhor Apresentadora, apesar do conteúdo de seu programa não ser muito convidativo. Desta vez, seria mais justa a vitória de Ana Maria Braga, cada vez mais consolidada no Mais Você.
O Fofocalizando, eleito Melhor Programa de Fofocas de 2019, atravessou um ano em que as brigas internas dos seus integrantes foram mais importantes que as notícias e o mundo da fama em si. A situação foi agravada especialmente pelos conflitos internos entre Leo Dias e seus colegas, além de polêmicas do colunista com personalidades como a atriz Bruna Marquezine e a cantora Anitta. A outra vitória do SBT no segmento foi com o reality Fábrica de Casamentos, comandado pela talentosa Chris Flores, egressa da fase áurea do Hoje em Dia, na Record.
No jornalismo, embora o SBT também ensaie uma maior aproximação com o governo Bolsonaro (ainda que não maior do que a Record), a credibilidade de alguns de seus profissionais não foi afetada. Tanto que Roberto Cabrini e seu Conexão Repórter foram escolhidos como Melhor Programa Jornalístico; enquanto Patrícia Vasconcellos, correspondente da emissora de Silvio Santos em Nova York, foi escolhida a Melhor Correspondente, vencendo, entre outros, o jovem Pedro Vedova e o veterano Jorge Pontual.
A representante global da categoria foi Sandra Annenberg, consagrada em Melhor Âncora. A apresentadora, surpreendentemente, deixou o Jornal Hoje em direção ao Globo Repórter, sendo substituída por Maria Júlia Coutinho, que vem conquistando seu espaço no vespertino. Mesmo em um programa que oferece pouco para seu talento – sem contar a recente notícia do fim do Como Será, seu espaço sobre educação e cultura nas manhãs de sábado –, Sandra continua recebendo o carinho da audiência e merece a aclamação. A Globo ainda conseguiu vitórias expressivas no campo esportivo, com as escolhas do Esporte Espetacular, vencedor em Melhor Programa Esportivo; e do comentarista Walter Casagrande, escolhido como melhor profissional do meio.
A Record, por sua vez, teve seus méritos no âmbito local. Duas vitórias vieram da Record Bahia (antiga TV Itapoan): o Balanço Geral BA e seu apresentador José Eduardo, o Bocão, foram consagrados em Melhor Jornalístico Local e Apresentador Local. O estilo popular e direto ao ponto de Bocão tornou a faixa do almoço um dos piores pesadelos da Rede Bahia (afiliada Globo), com médias que não raramente atingem os 20 pontos. Por sua vez, o humorístico Que Arretado, da TV Clube (afiliada Record em Pernambuco), foi o vencedor de Melhor Programa Local, superando concorrentes como o baiano Dendê na Mochila (TV Aratu, emissora do SBT) e a revista eletrônica gaúcha Masbah! (do SBT RS).
No saldo geral, houve uma grande mudança de cenário em relação ao ano passado. A Record não conseguiu repetir o mesmo desempenho nacional (que deu a vitória a nomes como Marcos Mion, Luiz Bacci e Reinaldo Gottino) e viu o jogo virar em favor do Grupo Globo, que dominou a premiação com onze categorias (nove da aberta, um do Multishow e um do Globoplay) e fez valer a força de sua dramaturgia, enquanto o SBT confirmou seu talento nato para o entretenimento.
O NaTelinha agradece a todos os internautas que votaram e deseja a todos um Feliz Natal e um 2020 cheio de paz, alegrias, sucesso e felicidades!