Antenado

O grande dilema da programação da Globo está na faixa matinal

"Bem Estar" e "Encontro" marcam baixa audiência Brasil afora e prejudicam os jornais a seguir


Fátima Bernardes no Encontro
Divulgação/TV Globo

Discordo daqueles que dizem que o "Vídeo Show" é o grande calcanhar de Aquiles da Globo atualmente. Infelizmente, o programa de bastidores já está morto e só falta um último pretexto para ser enterrado. Pra mim, a emissora tem um problema maior para resolver.

Nos últimos anos, com acesso a informação e com o advento da internet, a televisão aberta começou a priorizar o ao vivo e o jornalismo. Junto à isso, começamos a saber como é a audiência de programas nacionais em outras regiões do Brasil, e percebemos o seguinte: existe vida fora do eixo Rio-SP.

Quando os números do Rio e de São Paulo corroboram com os fracos números de fora dessa região, você começa a questionar: será que tal atração de fato é um sucesso? É o caso do "Bem Estar" e do "Encontro com Fátima Bernardes" no momento.

Criado em 2011 para dar início de vez ao processo de encerramento da grade infantil diária da Globo - que se findaria totalmente um ano depois, com a estreia do "Encontro" -, o "Bem Estar" até tinha um propósito em seu início, mas definitivamente se esgotou.

O grande dilema da programação da Globo está na faixa matinal

Parece não ter mais o que falar e virou um programa que vive dos memes que seus apresentadores conseguem produzir - aliás, Fernando Rocha e Mariana Ferrão são ótimos. Se o "Bem Estar" ainda está no ar, é "culpa" deles.

Pra mim, ainda mais questionável é o "Encontro". Alguns anos atrás, em 2016, disse neste mesmo espaço que o programa era enfadonho, chato, repetitivo e estranho, principalmente na sua tentativa em tentar discutir assuntos.

O grande defeito dele é ainda ser uma atração que dá mais espaço para a opinião dos convidados globais sobre a pauta debatida em detrimento aos especialistas. De 2016 para cá, apenas uma coisa mudou: a vontade louca do programa de criar pautas bizarras e ganhar repercussão nas redes sociais.

Para mim, o auge disso foi o que ocorreu em julho deste ano, quando Fátima Bernardes e seus bluecaps decidiram ensinar o telespectador qual a posição certa de uso do papel higiênico. Poucas vezes na vida vi algo tão incrédulo e inacreditável na TV brasileira - e ainda teve o agravante deste dia ter Ivete Sangalo como convidada, ou seja, um desperdício absurdo.

Outro grande problema é quando um fato quente ocorre ao vivo. Quase sempre, é o "Encontro" que destoa da sempre boa cobertura da ocasião. Toda vez que precisou ser acionado, o factual foi tratado porcamente pelo programa da ex-apresentadora do "Jornal Nacional".

Dito isto, o fato é que, em todo o Brasil, existe um movimento em emissoras da Globo de começar os jornais mais cedo. Não são poucos os canais fora do eixo Rio-SP que estão aproveitando a brecha para entrar com o seu telejornal local da hora do almoço às 11h45, cortando os 15 minutos finais de Fátima Bernardes.

O motivo é simples: tanto "Bem Estar" quanto "Encontro" marcam baixa audiência Brasil afora e prejudicam os jornais a seguir. E não adianta: o futuro da televisão aberta é jornalismo ao vivo. Se quiserem sobreviver, ambos os programas precisam ser mais quentes. Confesso, acho difícil eles conseguirem tal feito.

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