Tarja Branca, um documentário que resgata a infância
Publicado em 01/06/2020 às 13:41
Você aí, lembra do que você gostava de brincar quando era criança? Lembrou de um monte de brincadeiras, não foi? A infância, da maioria das pessoas, costuma estar associada a uma vida mais lúdica. O documentário Tarja Branca segue essa linha de raciocínio. O título, no entanto, carrega uma ironia com referência aos remédios controlados, vulgo, mais perigosos e cheios de efeitos colaterais.
A ideia do doc é que a brincadeira tem o poder de curar de maneira natural, colocando cada pessoa em contato com a criança que ainda existe dentro dela. O doc mostra que espírito lúdico faz parte da cultura popular brasileira e das nossas raízes indígenas.
Brincar é realmente divertido, mas também pode ser uma verdadeira revolução, capaz de resgatar o sentido original da palavra. Porque a palavra quer dizer "laço" e é derivada do verbo vincire, que significa prender, encantar. Foi com o tempo que veio um sentido negativo de perda de tempo, falta de seriedade.
O documentário propõe que, mais do que tradicional, o ato de brincar é revolucionário, transformador! Por isso Tarja Branca faz parte de um projeto maior, a plataforma online Videocamp. Lá na Videocamp você encontra um catálogo de filmes disponíveis para serem exibidos de graça. São todas produções sobre o universo da criança, como a música e a brincadeira. A inspiração de todo o projeto é o trabalho de investigações da educadora e musicóloga Lydia Hortélio, uma baiana nascida em Salvador e criada entre mangueiras no sertão.
O tempo passou, muitas árvores foram derrubadas e brincadeiras ficaram para trás. Cada vez menos as crianças se encontram na rua e os pequenos vão perdendo o que eles podem ter de mais precioso que é a liberdade de brincar. Hoje em dia falta colocar o pé no chão, ter contato direto com as plantas, espaço para correr ou tempo para entoar uma cantiga de roda. Era assim que a cultura da infância se desenvolvia. Esse doc resgata essas tradições lúdicas em depoimentos de adultos de gerações, origens e profissões diferentes.
A produção é uma parceria do Instituto Alana com a produtora paulista Maria Farinha Filmes. Aliás, o Instituto Alana tem várias ações para promover os direitos e o desenvolvimento integral da criança. Quem dirige o documentário é o cineasta Cacau Rhoden, bastante engajado nas causas educacionais. Ele é o realizador de Nunca Me Sonharam, sobre as escolas públicas brasileiras. Ele também dirigiu a série Corações e Mentes: Escolas que Transformam, sobre experiências de transformação através do ensino.
Tarja Branca, disponível no Now, deixa a gente cheio de esperança e expectativa de que as pessoas sejam mais livres e felizes em tudo o que elas fazem. Mas para isso acontecer de verdade você e eu, todos nós na verdade, precisamos abrir os olhos e nos reconectar com o nosso espírito infantil.