Dark, uma série para quem curte ficção e suspense
Publicado em 18/10/2020 às 13:30
Qualquer fã de histórias episódicas conhece aquele prazer particular de encontrar uma série de TV legal pra chamar de sua. A gente emburaca numa maratona seguida de outra até que, de repente, acha a tal perolazinha escondida na concha. Nesse programa, a concha é a Netflix e a pérola é a série alemã Dark, que mistura suspense e ficção científica.
A narrativa se passa numa cidadezinha chamada Winden e realmente existe um município com esse nome na Alemanha. Mas a ideia dos criadores era simplesmente representar uma comunidade pequena, acuada pelo medo de uma tragédia como foi o desastre nuclear de Chernobyl, na União Soviética. Isso porque o lugar abriga uma usina conectada a uma rede de cavernas no subterrâneo. A Winden real, só por curiosidade, é cercada por uma floresta que as pessoas dizem ser mal assombrada.
Reza a lenda que os irmãos Grimm se inspiraram nela pra escrever a versão deles de João e Maria, e outros contos assustadores. Antes que vocês perguntem, o elemento sci-fi da trama são as viagens no tempo. Só que o roteiro é muito bem costurado, evitando um efeito colateral comum nesse tipo de produção, que é deixar várias pontas soltas pela trama. A primeira grande interrogação que a série planta na cabeça do espectador é o desaparecimento de um garoto. Logo a gente percebe que não é um caso isolado. De alguma maneira, os sumiços estão ligados à usina e os segredos obscuros de quatro famílias. Cada episódio vai acrescentando uma pecinha no quebra-cabeças.
As cavernas de que eu falei funcionam como buracos de minhoca, conectando pontos diferentes na linha do tempo. Na primeira temporada, os personagens circulam por 2019, 1953 e 1986. Ou seja, existe um intervalo de 33 anos. Aquele jovem do início da história, que tinha desaparecido em 2019, foi parar em 1986. Ok, agora você quer saber o porquê o moleque foi parar lá. Eu vou ter que explicar que ele é filho de um policial. Esse mesmo policial já tinha sofrido com o desaparecimento do irmão caçula, 33 anos antes. Tudo culpa do acidente nuclear que criou uma distorção no espaço-tempo. Claro que isso é apenas um fiapo no novelo de lã cheio de personagens convivendo em realidades paralelas.
É o básico da teoria da relatividade, do Albert Einstein, explicado de uma maneira simples e fantasiosa. Passado, presente e futuro estão interligados, mas o importante aqui são as relações sinistras entre as quatro famílias da cidade e o impacto do tempo na natureza humana. O protagonista do seriado é Jonas, filho do rapaz que ficou preso em 1986. Quando adulto, Jonas se torna um viajante do tempo tentando desfazer alguns eventos que ele ajudou a criar.
Na segunda temporada, os roteiristas provaram que tem o domínio da narrativa e Dark não corre o risco de perder o rumo. O nosso papo científico agora tem a ver com a partícula de Deus e a grande explosão que deu origem ao universo. Duas explosões parecidas acontecem e a cidade de Winden praticamente desaparece num evento apocalíptico de 27 de junho de 2020. Se as três linhas temporais pareceriam confusas, acrescente os anos de 1921 e 2052. Qualquer semelhança com o escritor britânico H.G. Wells, do livro A Máquina do Tempo, não é mera coincidência. Fato é que o Doutor Tannhaus tentou voltar ao passado pra salvar a família e acabou dividindo o mundo em dois, unidos por um nó.
Óbvio que o Jonas e a parceira dele Martha encontram uma brecha no tempo e tentam dar um jeitinho de consertar o erro. Deu pra sentir que Dark é uma série recheada de viradas surpreendentes, daquelas que fazem você ficar criando as suas próprias teorias narrativas na cabeça. Anote a minha dica: toda ação gera uma reação e a história sempre se repete.
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