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Judy Garland, Renée Zellweger e o Caminho de Volta


Judy Garland
Judy Garland

Era uma vez uma menina que se sentia sozinha na fazenda dos tios e sonhava em viajar para além do arco-íris. Um dia, depois de uma ventania que arranca a sua casa do chão, ela vai parar num mundo mágico e aprende que, na verdade, não existe lugar melhor do que o nosso lar. Bom... o nome dessa menina é Dorothy, imortalizada no cinema pela jovem atriz, cantora e dançarina Judy Garland.

Muita gente se lembra dela assim, ou como a namorada americana de Mickey Rooney em Sangue de Artista. O que pouco se fala é dos desafios que Judy enfrentou ao longo da vida e da carreira. A mãe abusiva, a dependência da bebida, dos remédios e os abusos do produtor Louis B. Mayer também fazem parte da jornada. Já no crepúsculo dos seus dias, a atriz procurava atar as duas pontas da vida, como diria Machado de Assis, e restaurar na velhice a adolescência. Judy Garland queria ser lembrada!

Em 1969 a estrela se despediu deste mundo. O que aconteceu nos seus últimos meses você vai saber agora, assistindo ao filme Judy. No papel principal, outro talento da interpretação dos nossos dias. A vencedora do Globo de Ouro, Renée Zellweger.

A trama se passa em Londres, no inverno de 1968, quando Judy Garland aceita estrelar uma turnê para pagar as contas. Pesa o fato de ficar afastada dos filhos pequenos, além do alcoolismo e do vício em medicamentos. Mesmo assim, ela mostra porque é uma estrela maior, entregando tudo de si para a plateia lotada.

Judy Garland, Renée Zellweger e o Caminho de Volta

O roteiro se baseia na peça teatral End of a Rainbow, que quer dizer Fim de um Arco-Íris. Um título simbólico, que remete a O Mágico de Oz e a estrada de tijolos amarelos que transformou Judy e Dorothy, a pessoa e a personagem. Na busca dos sonhos, a jovem atriz ficou marcada pelas paranóias com o excesso de peso, a falta de sono e o abuso dos barbitúricos. Apesar de tudo e de todos, a Judy Garland do longa de 2019 se mostra uma mãe atenciosa e uma mulher consciente, defensora das minorias. Humilde a ponto de preparar uma omelete na residência de dois fãs homossexuais. O episódio nunca aconteceu na realidade, mas serve de homenagem aos “amigos de Dorothy", que é uma gíria simpática do mundo LGBTQ.

Renée Zellweger se transforma completamente para essa caminhada, tanto no visual, quanto no modo de falar e na postura corporal meio curvada. E sim, ela ainda canta incrivelmente, sem precisar de dublagem. Rufus Sewell é outro que merece destaque no papel do ex-marido inflexível, que briga pela guarda dos filhos. Enquanto isso, Judy tenta desesperadamente ganhar algum dinheiro para comprar uma casa. Irônico destino para quem aprendeu na ficção que “não há lugar como o nosso lar”.

Judy envolve e emociona como outras cinebiografias, mas também presta um serviço, desconstruindo o glamour em torno da vida das celebridades. É o exemplo perfeito de um talento que nunca pode aproveitar da fama. E essa história se repete muitas vezes com jovens atores e atrizes sem o apoio emocional e familiar tão importante para a gente ser bem sucedido e, principalmente, ser feliz.

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