Com medo de processo por apologia ao nazismo, Regina Duarte apaga post polêmico

A ex-atriz e ex-secretária especial da Cultura de Jair Bolsonaro (PLT), Regina Duarte apagou a polêmica postagem em que defendeu táticas consideradas nazistas contra eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nas redes sociais, ela havia defendido que comerciantes que votaram no petista deveria marcar seus comércios com o símbolo da legenda, mas voltou atrás. A decisão não foi por mudança de ideia, nem tampouco pela repercussão e sim pelo risco de processo por discurso de ódio e até por defesa ao nazismo.

Pessoas ligadas a Regina afirmam que a antiga namoradinha do Brasil foi aconselhada a apagar a postagem. O post polêmico foi feito no Instagram e com uma imagem da estrela vermelha e o logo do PT, vinha a seguinte mensagem.  "Atenção petistas, coloquem esse adesivo na porta de seu negócio. Mostre que você tem orgulho de quem elegeu". Já na legenda da imagem, ela garante que "a legenda já é o post".

Rapidamente a mensagem se espalhou e repercutiu mal. Sem saída, Regina Duarte apagou a postagem, mas não gravou vídeo ou fez outro post se desculpando e tentou apostar no esquecimento. A reportagem ouviu de familiares que ela foi convencida a retirar a mensagem de seu perfil. Além de parentes, que entraram em contato explicando que aquilo poderia prejudicá-la e também a família, houve outros problemas.

A mesma fonte confirmou que a ex-atriz e fã incondicional de Bolsonaro ouviu dois advogados próximos e ambos foram unânimes. Ela pode responder criminalmente por discurso de ódio e até por apologia ao nazismo. Isso porque, a prática de marcar comércio foi feita pelo partido de Adolf Hitler (1889-1945) contra judeus na Alemanha.

Regina Duarte pode ser processada

O NaTelinha já havia mostrado este risco no mesmo dia da postagem. A reportagem ouviu de um jurista com exclusividade que a situação da intérprete Raquel Acioli, de Vale Tudo (1988) poderia se complicar. "Essas listas que estão correndo por aí, com os nomes de comerciantes petistas, sugerindo para as pessoas não comprarem mais é discriminação e pode dar processo cível e penal", explicou o jurista Marcos Antônio.

Ele ainda completou que a postagem também pode complicar. "A meu ver, o que a Regina Duarte praticou é discurso de ódio e deveria ser punido."

Dessa vez, o advogado foi procurado para responder outra questão. O fato da ex-global ter apagado a mensagem muda alguma coisa. "Pode demonstrar arrependimento e, diante disso, diminuir uma suposta pena, em caso de condenação. Mas não impede a abertura de um processo porque retirar uma frase não muda o crime cometido", ensina. Porém ele lembra que é preciso que o poder judiciário seja provocado. "O Ministério Público ou alguma Organização precisa abrir o processo".

Judeus repudiam Regina Duarte

Se depender de entidades judaicas a situação de Regina ainda está longe de acabar. Segundo a Folha desta terça-feira (15),  o Instituto Brasil Israel não vai deixar barato. "A proposta de uma narrativa onde os elementos a serem boicotados participam de um grupo monolítico e que fazem parte de um projeto único, degenerado, subversivo e que, portanto, devem ser coletivamente punidos, é perigosa", diz trecho da nota enviada ao site.

Ricardo Brajterman, advogado do IBI também conversou com a Folha. "Esta senhora abandonou a poesia e a arte para se filiar a práticas nazistas da segregação, preconceito, perseguição e aniquilação de seres humanos. Estivesse ela na Alemanha dos anos 30, têm alguma dúvida de que lado estaria? Toda emulação do nazismo nos agride, a nós judeus, porque traz o nazismo e suas práticas para uma posição de normalização que nós temos a obrigação de combater."

Ainda assim, o Instituto não informou se pretende processar a ex-atriz. Regina Duarte foi procurada, mas não se manifestou até a publicação da reportagem, caso o faça o texto será atualizado.