Publicado em 05/07/2020 às 06:17:00
Todo mundo ama o conceito de viagem no tempo. Há produções icônicas que apostam nisso e Dark passa longe de ser inovadora nesta proposta. Mas a série ganhou o coração dos fãs do gênero e se tornou uma espécie de De Volta Para o Futuro desta década. Mas por que eu abandonei ao final da primeira temporada uma série com altos índices de aceitação do público e da crítica? É simples: falta carisma.
Quando um enredo se propõe a balizar viagens no tempo como linha narrativa ninguém espera que haja um desafio simples para o telespectador. Não à toa, outras produções do gênero ganharam fãs incontestes, inclusive este colunista, como Lost e Fringe. Mas falta a Dark o que sobrava às outras duas: personagens cativantes e histórias que fizessem nossos olhos brilharem.
Em Dark, o protagonista é a linha do tempo. Os roteiristas tentam fazer o público ter vontade de compreender o que significam as viagens do tempo e como elas influenciaram a vida das pessoas. Isso não é dramaturgia, é ciência. A estratégia escolar é semelhante à usada por Lado a Lado, novela brasileira modorrenta e que venceu o Emmy Internacional e que agora pode voltar ao ar por causa da pandemia do coronavírus. Enquanto uma oferece aulas de ciências, a outra era de História.
Ninguém está dizendo que a dramaturgia não possa oferecer ensino. O que não se pode é ter apenas isso e nada mais. Dramaturgia é roteiro andando, é desenvolver plots de personagens que se tornam reais naquele universo. Não é defesa de tese, para isso existem as Universidades.
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Dark não é ruim e ninguém está questionando a qualidade da série. A produção alemã constrói uma linha narrativa interessante e cheia de meandros, mas que prefere oferecer um estudo de causa filosófico e quântico sobre a influência de viagens do tempo a entregar ao telespectador uma história cativante. Daí o fato de tê-la abandonado.
Dark não descobriu a roda e apostou num nicho que sempre teve milhões de fãs ao redor do mundo. A possibilidade de viajar no tempo sempre calsou fascínio nas pessoas e encontrou espaço na dramaturgia. No Brasil, para citar dois exemplos recentes, houve duas tentativas frustradas de seguir motes semelhantes. Em 2018, a Globo apostou em O Tempo Não Para e, no ano seguinte, foi a vez de Espelho da Vida. Obviamente as histórias são diferentes entre si e com propostas distintas à série da Netflix, mas se assemelham no fascínio do público pelo tema.
O sucesso da série alemã não chega a ser surpreendente. Com o estofo que a Netflix criou nos últimos anos e com o investimento, era uma aposta razoavelmente fácil no sucesso, embora uma produção com roteiro bem mais interessante não tenha pegado e já tenha sido cancelada, The OA.
Dark apostou na ciência e automaticamente ganhou milhões de fãs. Mas ela se esqueceu de construir o básico quando se pena em dramaturgia: uma história carismática. Por isso, mesmo diante da tempestade de elogios, alguns até merecidos, que a série tem, eu abandonei a série alemã ao final da primeira temporada.
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