Opinião

Séries avançam em 2022, mas no Brasil seguem distantes das novelas

Produções parecem ganhar força, mas não conseguem se comparar ao principal produto do país


Cena de Bom Dia, Verônica, uma das séries de sucesso
Bom Dia, Verônica cresceu em 2022 - Foto: Reprodução/Globoplay

O ano de 2022 pode ter sido muito importante para um formato da TV brasileira: as séries. Após um hiato por causa da pandemia da Covid-19, as produções chegaram com peso nas mais diversas plataformas e conseguiram romper a bolha costumeira da web. Séries como Bom Dia, Verônica, Rota 66 e Pacto Brutal mostraram que é possível levar ao ar produtos que chamem a atenção do público. Mesmo assim, não há nenhuma delas que seja capaz de ser comparável ao principal estilo do Brasil: as novelas.

Mesmo que esteja engatinhando e muito longe das novelas ou mesmo das séries estrangeiras, as produções nacionais cresceram muito em 2022. A começar pela forma com que o dinheiro é gasto, profissionalizando o produto em acabamento, como cenografia, figurino e fotografia. Neste quesito, são várias as histórias que fizeram sucesso, como Maldivas, da Netflix, ou mesmo Manhãs de Setembro, da Prime Video.

Este é, talvez, o principal avanço em relação a um passado não muito distante. É impossível esquecer da primeira série do streaming brasileiro, 3 por cento, cuja produção parecia saída de um teatro amador de cidade pequena. Aquela época ficou definitivamente para trás, tanto na líder do streaming no país, quanto na concorrência.

Chama a atenção também como os elencos passaram a serem recheados. Provavelmente por conta da nova dinâmica da Globo, de não manter contrato fixo com praticamente ninguém entre atores e atrizes e que permitiu nomes consagrados migrando para as séries. É o caso de artistas importantes, como Alessandra Negrini ou Lucy Alves, ambas atuando em Travessia pouco depois de estarem na web.

O maior avanço deste universo, porém, não é a produção ou o casting, mas a história em si. O Brasil sempre sofreu com as séries por copiar o estilo e a linguagem do que se faz nos EUA ou na Europa, como se o país não tivesse identidade própria. Em 2022 tudo mudou porque aparentemente as plataformas e os roteiristas entenderam que o melhor da nossa dramaturgia é o folhetim rasgado, afinal as novelas são sucesso.

Bom Dia, Verônica contou uma história exatamente assim, em que uma mocinha enfrenta um vilão sem traço de humanidade, exatamente como se fosse de novela, embora com sequências mais fortes. Mas não é a única produção, mesmo Rota 66, baseada em um livro, transformou o repórter em heroi, para o público compreender. Até documentário, como Pacto Brutal, contou a história num formato de novela para facilitar ao público.

Ao investir as histórias como se fossem mini novelas, o formato de séries acerta e caminha para avançar no Brasil, seja em repercussão ou audiência. Mesmo assim, não há produção deste formato que se compare a uma telenovela. Uma frase que parece zombaria, não deixa de ser real: a melhor das séries nacionais não é comparável à pior novela do país. Pode ser que um dia isso seja mentira, por enquanto é grande verdade.

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