Opinião

2022 devolveu o selo Boni para as novelas da Globo

Produções com o dedo da nova gestão já mostraram resultados interessantes


Cena de Pantanal com Juma, uma das novelas da Globo
Pantanal foi um dos grandes sucessos da Globo - Foto: Reprodução/Globoplay
Por Daniel César

Publicado em 15/12/2022 às 04:14,
atualizado em 15/12/2022 às 09:46

O ano de 2022 das novelas da Globo termina de forma melancólica. Mas os últimos dias de dezembro não representam o que foram os doze meses e, na verdade, é o oposto. O primeiro ano em que a nova gestão, comandada por José Luiz Villamarim, pôde trabalhar sem a Covid-19 mostrou aspectos positivos e um incômodo que a emissora carioca não tinha desde a saída de Boni e Daniel Filho.

É bem verdade que Mar do Sertão, Cara e Coragem e Travessia são engodos do ponto de vista artístico e não entregam resultado, seja intelectualmente falando ou em termos de audiência. Mas as três ocupantes atuais da grade de programação na dramaturgia parecem não representar o que a dobradinha Villamarim e Ricardo Waddington querem para o departamento.

A saída de Silvio de Abreu foi traumática, seja por conta da falta de talentos que ele deixou na casa, já que dispensou praticamente todos os medalhões ao mesmo tempo, ou pela Covid-19 que impediu um trabalho imediato da nova gestão. A fila deixada pelo antigo diretor teve de ser seguida no início por conta dos impedimentos que as restrições impunham. Mas em 2022 já foi possível enxergar as mudanças.

Além da Ilusão, Quanto Mais Vida, Melhor e Pantanal mostraram qual é a cara da nova Globo. A primeira e a terceira já com o dedo e olhar artístico da nova cúpula e a segunda que, embora aprovada pelo antigo chefe, foi revirada do avesso antes de estrear. Todas as produções citadas tiveram algo em comum: a pulguinha do incômodo. Novelistas, elenco e diretores saíram do lugar-comum e tentaram entregar algo diferente.

As diferenças não era apenas entre elas - a novela das seis era de época, a das sete de realismo fantástico e a das nove rural - mas também na comparação com as antecessoras de seus respectivos horários. A sensibilidade de Villamarim ao pautar a escolha das novelas com olhar amplo chamou a atenção ao longo de 2022.

Ele também cumpriu a promessa de colocar o Brasil na telinha ao exibir as novelas, fugindo do eixo Rio-São Paulo, algo que parecia abandonado pela gestão anterior. O apuro em se pensar nas cidades, nos figurinos e também na construção narrativa das histórias é um alento.

A Globo viveu um marasmo de ideias nas novelas nos últimos 15 anos, em que sobrevivia rigorosamente apenas por lampejos de genialidade dos autores, mas em que a lógica era sempre uma novela abaixo da crítica. A emissora parecia ter perdido o brilho nos olhos para ser a produtora das melhores novelas do mundo, tanto que deixou de ser.

Villamarim e Waddington entregaram em 2022 o que prometeram. É bem verdade que as faixas atualmente estão perdidas, mas parece muito mais uma tentativa infrutífera de acertar do que comodidade. Um exemplo é o manejo de Todas as Flores para o Globoplay e que se mostrou acertada ao transformar o folhetim num fenômeno digital. 

Por tamanha curiosidade em sair do ponto comum é que a atual gestão da Globo anima. Se 2022 já foi um ano promissor, 2023 tende a crescer ainda mais. Aparentemente, os áureos tempos de Boni e Daniel Filho estão de volta. É a torcida.

Participe do nosso grupo e receba as notícias mais quentes do momento.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

Participe do grupo
Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado