Opinião

Nichadas, novelas de SBT e Record não funcionam em 2022

Emissoras insistem num mesmo tema que, ao menos neste ano, não deu certo


Cena de Poliana Moça e de Reis, na Record e SBT
Poliana e Reis enfrentam problemas - Foto: Montagem
Por Daniel César

Publicado em 16/12/2022 às 04:30,
atualizado em 16/12/2022 às 12:25

Cada um a sua época, SBT e Record colheram os louros do sucesso ao voltar para o mundo da dramaturgia no século XXI. As duas sempre fora instáveis neste departamento desde suas criações, porém em determinado momento, parecia terem encontrados, cada um a seu modo, um jeito de manter as novelas no ar, alcançando um público específico e sem brigar com a Globo. Em 2022 ambas as soluções parecem estar desgastadas.

É bem verdade que a Record voltou para o universo das novelas há mais tempo, no início do século, quando Edir Macedo profissionalizou o canal e investiu os tubos no projeto "a caminho da liderança". Depois de anos com bons trabalhos e acumulando sucessos, a cúpula da emissora sentiu o baque ao ver a audiência se esvaziar e mudou o foco, criando um tipo de nicho para suas tramas: as produções bíblicas.

Embora tenha começado com minisséries e séries, as novelas foram o passo seguinte e a Record parecia ter encontrado uma mina de ouro, ou de petróleo. Sucessos como Os Dez Mandamentos (2015) e A Terra Prometida (2016) chegaram a colocar a emissora na liderança contra a poderosa Globo. O formato, no entanto, passou a dar sinais de desgaste nos últimos anos e atingiu o auge em 2022.

Se Gênesis (2021) reagiu, Reis não conseguiu manter o teto ou mesmo o piso de audiência do canal. Atualmente, a produção bíblica conta com 7,1 pontos de média, o pior desempenho de uma história com base na Bíblia. Além disso, a repercussão beira o zero, tanto que a direção vive um dilema e chegou a cogitar colocar um ponto final no departamento, antes de planejar entregar o horário para a Igreja Universal.

Por outro lado, o SBT vive o mesmo dilema. A emissora retomou seu setor de dramaturgia depois da Record, no início da década passada e já planejou um nicho: as produções infantis. Isso aconteceu pouco depois de uma inversão infrutífera em produções adultas. As novelas feitas sob encomenda para as crianças foram um tiro certeiro e sucesso imediato, virando fenômeno comercial.

Após anos com o segundo lugar confortável e colocando o SBT em um patamar que nenhum outro programa conseguia, girando entre 10 e 14 pontos todos os dias, 2022 também mostrou desgaste. Poliana Moça não é sombra da original em termos de Ibope e de repercussão.  Com 6,5 pontos de média, a novela está com pouco mais da metade dos índices atingidos por As Aventuras de Poliana (2018). A saída pode ser a parceria firmada com a Prime Vídeo.

É difícil prever se o formato acabou, até porque toda máxima costuma ser burra, ainda mais na televisão. No atual cenário, no entanto, o público do nicho - crianças e fãs de produções bíblicas - parecem ter notado um mesmo segredo dividido por Record e SBT: quando assiste uma novela de cada canal, já viu todas. Aí, não precisa acompanhar a seguinte.

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