Publicado em 14/02/2021 às 07:00:04
A nova produção original da Netflix Brasil, Cidade Invisível, foi lançada na última semana cheia de pompas por marcar diversas estreias da plataforma em solo tupiniquim. Seja pela imersão inaugural de Marcos Pigossi numa série brasileira do streaming, seja pela presença de Alessandra Negrini, seja pela exploração de um universo raro de aparecer na dramaturgia, o folclore ou até mesmo pela imersão de um nome de peso no comando da atração, Carlo Saldanha. E, a tirar pela primeira temporada, parece ser este o caminho do sucesso para a empresa em solo nacional.
Depois da bem sucedida experiência com Bom Dia Verônica, a Netflix voltou a acertar com uma produção nacional - o que parecia impensável no início de 2020, depois de experiências medonhas como Spectrus ou Onisciente. Em Cidade Invisível, o maior problema do conteúdo original brasileiro foi solucionado, a má direção de elenco. Saldanha não apenas utilizou atores mais pesados, como também deu atenção especial para a composição das personagens.
Pigossi aparece firme com seu protagonista, um técnico da polícia ambiental que investiga a morte de um boto cor de rosa em plena praia carioca. Embora não esteja tão à vontade como em trabalhos na Globo, o ator é seguro e se escora bem na química que tem com a câmera para garantir bons momentos. A menos conhecida Jéssica Córe vai muito bem e foi o destaque da primeira temporada com um papel complicado, mas que ela manda muito bem ao interpretar ninguém menos que Iara.
Outro destaque positivo do elenco é Wesley Guimarães, praticamente estreante na TV e que encheu a tela ao criar um saci bem diferente de tudo que se viu anteriormente em produções sobre o Folclore brasileiro, mas mais importante que isso, sempre muito crível. Em compensação, Alessandra Negrini, o maior nome do elenco, parece ter exagerado na dose e aparece over em praticamente todas as cenas.
Mas Saldanha não se preocupou apenas com o elenco, importante dizer que a Netflix Brasil nunca se apurou com muito cuidado em relação ao roteiro, haja visto O Escolhido (2019), também inspirada em livros de Raphael Draccon e Caroline Munhoz e que foi desastrosa, do ponto de vista de diálogo. Em Cidade Invisível, o texto é apurado, cuidadoso, foge das metáforas didáticas e, principalmente, cuida em ter conversas humanas, com sentimentos e que fazem sentido na costura narrativa.
O andamento da série tem seus altos e baixos, mas passa longe de outros erros de andamento que a Netflix já cometeu no país. Ao contrário de produções que, mesmo curta, ofereciam episódios que saiam do nada para lugar algum, aqui percebe-se que os produtores sabem exatamente onde querem chegar e levam o episódio - nem sempre pelo melhor caminho - para levar o público àquele local da história.
É importante destacar outro grande avanço, em termos estéticos, que o streaming ganhou com esta série, o cenário e acabamento. Enquanto outras séries, como Samantha (2018) e 3% (2016) pareciam feitas nos fundos de uma escola do Ensino Fundamental, a produção fez questão de garantir locações e cenários que davam vida à história, assim como o cuidado com os figurinos deu um ar de profissionalismo que raramente se viu na tela da Netflix no Brasil.
Mas nem tudo são flores, quem acompanhou a primeira temporada de Cidade Invisível percebeu um problema que precisa ser solucionado - talvez ainda na própria leva de episódios iniciais - o áudio. Era nítido que houve algum problema na captação do som e a sensação que se tem ao assistir é que os personagens estão conversando através de áudios no WhatsApp, um terror.
Ainda não se sabe se a série ganhará segunda temporada - a tirar pelo sucesso é bastante provável que sim - mas história há e muito do que foi contado ficou em aberto, por isso não é de se estranhar um anúncio de renovação. De qualquer modo, a cúpula da empresa no Brasil deveria olhar para Cidade Invisível e enxergar nela um modelo de produção de qualidade para o sucesso por aqui.
Vilã não morreu
Mulheres de Areia: Isaura tem reencontro emocionante com Raquel
Estreou na TV aos 7
Lembra dele? Ex-ator mirim, Matheus Costa virou galã e bomba na web