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Censura livre - Halloween

A Noiva-Cadáver, de Tim Burton

Publicado em 04/11/2019 às 13:16:15

Você sabia que o cinema nasceu a partir de um conceito simples, a persistência retiniana? Explicando de maneira resumida: A persistência retiniana é a fração de segundo que uma imagem permanece na retina antes de desaparecer.

Graças a persistência retiniana, a gente tem a impressão de movimento quanto uma série de fotografias fixas desfilam rapidamente diante dos nossos olhos. Eis o segredo do cinema e a base de uma técnica tradicional da animação - o stop motion.

Três longas criados pelo mestre Tim Burton se utilizam desse recurso. E todos eles têm outra coisa em comum: são filmes de terror para jovens. Uma forma muito boa de apresentar o gênero para jovens espectadores.

O primeiro filme da nossa lista conta a estória de Jack Skellington, um morador da peculiar Cidade do Halloween, onde moram fantasmas, vampiros, lobisomens, bruxas e todo tipo de ser monstruoso.

Bem-vindos a “O Estranho Mundo de Jack”, o filme que nasceu a partir de um poema escrito pelo Tim Burton quando era animador da Disney. Ele seria o diretor, não fosse o compromisso assumido na época para fazer “Batman, O Retorno”.

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Enfim, o longa chegou aos cinemas em 1993 com distribuição da Touchstone Pictures, um selo da Disney voltado para produções com assuntos mais adultos. Isso porque eles achavam que a animação poderia ser muito assustadora para as crianças.

Na trama, Jack é o centro das atenções do Dia das Bruxas, mas ele anda meio entediado em repetir a mesma rotina, ano após ano. Vagueando pela floresta, Jack acha uns portais que levam a festividades diferentes e ele vai parar no Natal. Depois ele volta para a Cidade do Halloween sem compreender o que viu e convence a população a sequestrar o Papai Noel para fazerem o próprio Natal. A boneca de trapos Sally é a única que percebe que os planos não vão acabar bem.

O Estranho Mundo de Jack usa a técnica do stop motion, ou seja, uma captação quadro-a-quadro dos movimentos dos bonecos. Foram construídos 227 deles para representar os personagens do filme. Só o Jack Skellington tinha quatrocentas cabeças diferentes com todas as emoções possíveis.

Já a Sally tinha dez caras e uma variação de onze expressões, como olhos abertos, fechados e os movimentos da boca. Repare também na trilha sonora magnífica, assinada e cantada pelo Danny Elfman. O músico é ex-integrante da banda Oingo Boingo e parceiro de longa data do Tim Burton.

Agora nós vamos viajar da Cidade do Halloween para um vilarejo na Inglaterra da era vitoriana. Burton vinha embalado pelo sucesso de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” e repetiu a boa bilheteria do filme com outro stop motion no estilo de “O Estranho Mundo de Jack”. O conto gótico “A Noiva-Cadáver” ainda rendeu ao artista uma primeira indicação ao Oscar de Melhor Animação.

A estória é baseada no folclore russo e acompanha um rapaz de nome Victor, que está de casamento arranjado com Victoria, a filha de uns aristocratas falidos. Os pais de Victor são comerciantes de peixe bem sucedidos e os de Victoria veem na união uma chance de recuperar a glória da família. Victor está nervoso com a cerimônia e vai treinar os votos sozinho na floresta. Para simular a troca de alianças, ele usa um galho em forma de mão.

Inocente, coitado. Mal sabia que aquele era o braço esquelético de Emily, a noiva-cadáver. Pior é que ela fica convencida de que acabou de ser pedida em casamento e leva o Victor para o mundo dos mortos. O mundo dos vivos é escuro e opressivo, enquanto o dos mortos é alegre e liberal. Ou seja, o Victor precisa tomar uma decisão sobre o caminho que vai seguir.

Além da semelhança com O Estranho Mundo de Jack, o longa tem traços de outro filme de Tim Burton – “Os Fantasmas se Divertem”. Nessa comédia de humor negro, de 1988, um casal recém-falecido contrata um fantasma para expulsar os novos moradores da mansão que era deles.

“A Noiva Cadáver” também tem cenas bastante divertidas do mundo dos mortos e o trabalho dos dubladores brasileiros está primoroso. Sem falar no talento do Danny Elfman, que entrega uma trilha ainda melhor que a de “O Estranho Mundo de Jack” e completamente entrosada com o enredo.

Preparado para o próximo? Vem aí uma mistura de comédia com terror, parodiando o romance Frankenstein, da escritora britânica Mary Shelley. Também é o remake de um curta que o Tim Burton tinha realizado em 1984. Aliás, o curta explica um pouco a saída dele dos Estúdios Disney, porque foi considerado muito assustador para os padrões familiares da companhia.

“Frankenweenie”, o longa-metragem, amplia a narrativa protagonizada pelo garoto Victor Frankenstein. O menino perde o cachorro num acidente de carro e decide aplicar na prática os conhecimentos de bioeletricidade que aprendeu no colégio.
Quer saber? Ele consegue, mas o amigo fofoqueiro Edgar descobre e espalha a notícia para geral. Resultado: uma porção de pets mortos são ressuscitados.

Curiosamente, o personagem Victor, que aparece menino em “Frankenweenie”, se parece muito com o adulto Victor Van Dort, de “A Noiva Cadáver”. Dá para entender se a gente pensar que parte da equipe de animação foi a mesma nos dois longas... E eles aproveitaram algumas coisas de trabalhos anteriores.

Os cenários de “Frankenweenie” eram muito maiores do que os stop motion anteriores. Foram usados uns duzentos bonecos com 45 articulações para os personagens humanos e cerca de 300 peças diferentes para montar o cachorro Sparky. Os amantes do cinema fantasioso e sombrio tem aí três opções para se esbaldar com a família e os amigos.

É uma bela amostra das animações que contribuíram para a fama de um dos principais nomes de Hollywood na atualidade.

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CENSURA LIVRE - HALLOWEEN

O Estranho Mundo de Jack / The Nightmare Before Christmas
A Noiva-Cadáver / Corpse Bride
Frankenweenie

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