Esquemas da Fifa

Como a sede da Copa é escolhida? Documentário escancara corrupção

Título disponível na Netflix faz dossiê da corrupção da Fifa, entidade internacional de futebol


Primeiro jogo da Copa do Mundo 2022 entre Catar e Equador
Primeiro jogo da Copa do Mundo 2022 entre Catar e Equador, que aconteceu no primeiro dia do evento - Foto: Reprodução
Por Daniele Amorim

Publicado em 14/12/2022 às 06:40,
atualizado em 14/12/2022 às 07:59

O Catar se despede da Copa do Mundo no próximo domingo (18), quando acontece a final do Mundial. No entanto, antes mesmo do evento esportivo começar, o país árabe foi acusado de ter comprado votos de diretores-executivos da FIFA para sediar a competição. O documentário Esquemas da FIFA (2022), da Netflix, conta detalhes desta suposta transação e também revela que a própria entidade de futebol sempre foi norteada de corrupção entre seus membros.

O título, que é uma minissérie dividida em quatro capítulos, conta sobre a escolha do Catar como sede da Copa do Mundo no terceiro episódio. Em uma cerimônia feita em dezembro de 2010, o comité se reuniu com os representantes dos candidatos para revelar o resultado dos locais que foram escolhidos para as edições de 2018 e 2022.

No entanto, dias depois da divulgação da Rússia e Catar como sedes da Copa do Mundo, uma ex-integrante do jantar árabe deu uma entrevista ao jornal inglês Sunday Times e revelou que testemunhou que o chefe da recepção recebeu votos de três membros do jantar- executivo da Fifa. 

Como acontece a votação? 

Hassan Al Thawadi, chefe da campanha do Catar 2022, na época da votação da FIFA
Hassan Al Thawadi, chefe da campanha do Catar 2022, na época da votação da FIFA - Foto: Reprodução/Netflix

Tradicionalmente, a A Fifa tem 24 membros no comitê-executivo que votam para escolher as próximas sedes da Copa. Tal grupo é formado por representantes de federações continentais de futebol. Atualmente, são elas: CONCACAF (América do Norte e Caribe), UEFA (Europa), CONMEBOL (América do Sul), CAF (África), AFC (Ásia) e OFC (Oceania). 

Mas, 10 meses antes da votação oficial, o líder da campanha do Catar, Hassan Al Thawadi, se encontrou com três membros da CAF durante um congresso africano. A conversa entre os dirigentes do comitê-executivo da Fifa e o sheik foi acompanhada por uma funcionária de Thawadi, Phaedra Almajid. 

Entrevistada pelo documentário da Netflix, Phaedra revelou que presenciou Hassan perguntar aos diretores se 1 milhão de dólares era suficiente para comprarem seus votos. No acordo final, cada membro saiu com a bolada de 1,5 milhão.

Posteriormente a conversa, Hassan Al Thawadi pediu que Phaedra se esquecesse do que viu. Três meses depois, ela acabou sendo demitida sem motivos explícitos. 

Escolha do Catar foi questionada pela imprensa 

Lusail Stadium, palco da final da Copa do Mundo 2022
Lusail Stadium, palco da final da Copa do Mundo 2022 - Foto: Divulgação

Após o resultado dos votos, a imprensa internacional ficou ressabiada quanto a escolha do comitê-executivo já que, respectivamente, Inglaterra e Estados Unidos eram os locais mais favoritos para sediarem as copas de 2018 e 2022 por conta da estrutura já disponível.

No caso do Catar, por exemplo, as altas temperaturas no meio de ano impossibilitava que o torneio acontecesse tradicionalmente entre os meses de junho e julho. Outro fator que foi questionado por jornalistas é que a capital Doha tinha que reformar todos seus estádios, além de construir novos hotéis, para recepcionar times e torcedores do mundo inteiro.

Chefe de inspeção da Fifa, Harold Mayne Nichols também foi entrevistado pelo documentário da Netflix e revelou que fez um relatório bastante negativo sobre a ideia do evento ter sediado no país árabe. Ele ainda explicou que não foi procurado por nenhum membro do comitê para explicar algum ponto do documento. "Acredito que nem tenham lido", falou ele, em parte do seu depoimento. 

Sucessão de tragédias 

Phaedra Almajid, ex-funcionária da campanha do Catar
Phaedra Almajid, ex-funcionária da campanha do Catar - Foto: Reprodução/Netflix

Mesmo com o depoimento de Phaedra para os jornalistas, o Catar continuou sendo a sede da Copa do Mundo 2022. Na época das entrevistas da ex-funcionária de Hassan, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, foi a público para reiterar que não havia provas sobre a compra de votos no comitê-executivo.

Apesar do apoio da entidade, o Catar teve problemas para sediar o evento. Oficialmente, o país árabe admite que cerca de 500 trabalhadores morreram durante as construções de estádios e hotéis. A nível de comparação, no Brasil, que foi o lar da Copa do Mundo 2014, oito operários perderam a vida.

Confira o trailer de Esquemas da Fifa:

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