Opinião

Atuação da Semana: Thalita Carauta vira dona de Todas as Flores

Atriz mostra o conhecido talento na veia cômica, mas brilha também no drama


Mauritânia em cena de Todas as Flores
Mauritânia é a dona de Todas as Flores - Foto: Reprodução

Na novela Todas as Flores quase todas as personagens são muito bem definidas entre o drama e o humor. João Emanuel Carneiro usa com a competência que o consagrou em Cobras e Lagartos (2006) a divisão de núcleos cômicos e dramáticos. Quem faz chorar normalmente não faz rir, num modelo muito próximo do que  autores dos anos70 e 80 faziam. A exceção é Mauritânia, interpretada por Thalita Carauta e que faz a ponte entre os dois universos. E a atriz dá conta do recado.

Em 25 capítulos exibidos pelo Globoplay, a personagem teve uma crescente até receber seu maior número de sequências na última leva de episódios, quando foi colocada dentro do núcleo central, dividindo cenas com Rafael (Humberto Carrão), Humberto (Fábio Assunção) e com a pérfida Vanessa (Letícia Colin). A intérprete de Mauritânia segurou o rojão e mostrou uma veia pouco conhecida.

Nas cenas de humor dos primeiros capítulos, Thalita foi muito bem, mas isso não chega a ser uma novidade. Desde que surgiu com relevância no Zorra Total, em 2010, a atriz mostra talento quando o assunto é fazer rir. Em Segundo Sol (2017), ela já havia dado sinais de que poderia ser mais do que uma grande humorista fazendo novela e chegou a transitar pelo drama, sem grandes momentos, no entanto.

Agora, como Mauritânia, Carauta abraçou o drama com força e segurou todas as sequências que dela foram exigidas. Seja o choro doloroso numa lavagem de roupa suja com a família, em que a mãe a acusa de todas as coisas possíveis. Seja quando a filha a rejeita sem a menor piedade. Ou mesmo quando precisa se defender Rhodes, do preconceito de personagens como Vanessa e Luis Felipe (Cassio Gabus Mendes).

 Atuação da Semana: Thalita Carauta vira dona de Todas as Flores

Um artista só é completo quando experimenta papéis completamente diferentes e foge da mesmice. Isso vale para as mocinhas chorosas, para as grandes vilãs e até para quem adora fazer tipos. No caso de um humorista é talvez mais difícil porque são anos interpretando pela caricatura porque o risco é justamente através da composição suja, meio brincalhona e amadora. O oposto do que se pede num papel dramático de novela.

Mauritânia é o grande sucesso de Todas as Flores e muito disso se deve a Thalita Carauta. A atriz pegou toda sua experiência em fazer humor e criou um tipo delicioso, mas com doses fortes de drama e que saem do óbvio e invadem o profundo.

A personagem é a versão feminina de Foguinho (Lázaro Ramos), criação do mesmo autor e isso poderia ser outro problema. Lázaro é um dos grandes talentos do século XXI e criou talvez o maior antiherói dos últimos anos com uma composição impecável. Thalita poderia ter ido pelo mesmo caminho para tentar compilar o que deu certo, mas ela preferiu criar sua própria Mauritânia e isso foi o que deu charme e a fez cair na boca do povo.

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