Opinião

Atuação da Semana: A assombrosa performance de Letícia Colin em Todas as Flores

Atriz encarnou uma vilã com todas as nuances de um bom folhetim


Vanessa em cena de Todas as Flores
Letícia Colin brilhou muito na primeira semana de Todas as Flores - Foto: Reprodução/Globoplay

Quando as chamadas de Todas as Flores foram liberadas pelo Globoplay foi possível notar algo que saltava aos olhos. Letícia Colin iria entregar uma atuação histriônica em todas as cenas. A prosódia e as expressões não deixavam dúvidas da mexicanização na construção de sua Vanessa. E se havia risco de passar do ponto - a tirar pelo trailer de lançamento - o que se viu em cena foi o oposto. A atriz mostrou porque é uma das melhores da nova geração e vem entregando uma vilã típica dos folhetins melodramáticos: caricata, exagerada, mas profundamente real e verossímil

Desde o primeiro capítulo João Emanuel Carneiro, o autor da história, mostrou que não quer fazer uma série ou uma produção conceitual. Todas as Flores quer ser um novelão com todos os ingredientes que consagraram o formato no Brasil desde os idos de Janete Clair (1925-1983). E o elenco parece ter compreendido bem a intenção do novelista, principalmente Letícia Colin, que recebeu nesta primeira semana o melhor texto de JEC - e isso não é pouca coisa.

Não há uma cena sequer em que Vanessa não esteja exagerada - seja no figurino ou na performance. Mas não se trata de uma caricatura de sátira como fazem os humoristas. É o histrionismo no limite do permitido, como bem fez Adriana Esteves com sua inesquecível Carminha em Avenida Brasil (2012). Mas a vilã da atual novela do Globoplay nada lembra o furacão que foi a inimiga de Nina (Débora Falabella). É outro estilo de interpretação e, fosse comparar com alguém, seria com outra vilã do autor, Bárbara, vivida por Giovanna Antonelli em Da Cor do Pecado (2003).

Vanessa começa a história com leucemia. Em seguida passa a ter que dividir o apartamento, a vida e a mãe com uma irmã que ela não conhece e não gosta. Pouco depois, descobre que o grande amor de sua vida quer terminar uma relação de anos para ficar, justamente com a irmã. A história deixa claro que a vilã tinha tudo para ser melancólica, mas não é. Seja pelo texto áspero e, por vezes cruel, tão marcante de João Emanuel, ou pela composição de Colin. 

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A maldosa passa longe de ser uma vilã solar como outras do autor. Ela é amarga e cheia de medos e inseguranças, além da própria questão da saúde frágil. Mas Letícia fez a personagem virar uma força da natureza por sua presença. Onde ela chega é impossível ignorá-la. O tom é tão quente que, em alguns momentos, pode até queimar quem está perto. Colegas de elenco precisam estar atentos para não ficarem escondidos diante dessa força da natureza.

Com uma personagem dessa voltagem quem interpreta precisa ter uma noção fundamental: não pode ter medo do ridículo. Colin mostra que não tem e não se importa de passar do ponto vez ou outra. A performance entregue é bem acima da média e muito marcante. Aliás, composições marcantes é o estilo da atriz, que já criou tipos inesquecíveis como Leopoldina, em Novo Mundo (2016) ou a doutora Fabiana, em Onde Está Meu Coração (2021), papel que lhe rendeu uma indicação ao Emmy Internacional.

Em uma produção que chegou chegando e com o elenco funcionando tão bem, ser destaque não é fácil. Mas Vanessa deu mostras de que pode ser mais uma vilã inesquecível de João Emanuel Carneiro. Muito disso também pelo grande trabalho de Letícia Colin.

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