Opinião

Todas as Flores estreia ensinando o que é um novelão

Trama de João Emanuel Carneiro contou tudo que um primeiro capítulo precisa ter


Cena de Todas as Flores com beijo dos mocinhos
Todas as Flores faz estreia espetacular - Foto: Reprodução/Globoplay

A estreia de Todas as Flores nesta quarta-feira (19) teve muitos significados, a começar pelo formato. A primeira novela completamente inédita e original do Globoplay foi ao ar numa live na plataforma às 20h. Ou seja, tecnicamente a trama de João Emanuel Carneiro estreou como novela das oito e não das nove, mas competiu alguns minutos com Travessia. E o autor mostrou estar em grande forma com um início arrebatador, difícil de acompanhar e de tirar o fôlego.

JEC, como é conhecido o novelista, não costuma ser de meias palavras. Quem acompanhou as duas primeiras semanas de Avenida Brasil (2012) sabe disso. Em Todas as Flores ele mostrou sua maior qualidade ao apostar em não apresentar histórias e personagens, mas mostrá-las acontecendo. O telespectador teve que ir descobrindo do que se tratava a narrativa pelo decorrer da trama e, assim, se familiarizando com as personagens.

Nos primeiros 20 minutos de narrativa se notou uma sucessão de acontecimentos que poucas vezes se viu numa obra da TV. Houve até quem lembrasse que isso só foi possível por se tratar de uma produção para o streaming, balela. João Emanuel Carneiro fez exatamente isso há 10 anos com o arrebatador primeiro capítulo de Avenida Brasil. 

Quem assistiu à estreia de Todas as Flores notou a urgência em contar a história. A narrativa aconteceu sem perda de tempo, sem diálogo explicativo ou sequência para ilustrar sentimentos de personagens. Tudo que foi visto estava ali porque precisava estar para fazer a linha do tempo andar, e como andou. De uma só vez o público foi presentado com um assassinato, uma doença, um transplante, uma cura e rivalidade feminina aos montes. Além de duas vilãs deslumbrantes.

Todas as Flores estreia ensinando o que é um novelão

Zoé (Regina Casé) parece ser muito mais humana, mas foi quem fez a maldade real até aqui: matar o ex-marido e pai de Maíra (Sophie Charlotte). Ao passo que Vanessa (Letícia Colin) incorporou todo o texto preconceituoso das vilãs de João Emanuel Carneiro, lembrando Carminha (Adriana Esteves) e Flora (Patrícia Pillar).

Mas nem só de texto vive um novelão. A trama se sustentou também por um elenco entrosado e muito bem escalado. Tanto que é difícil achar um só destaque, pois todos estavam muito bem. Ainda assim, Letícia Colin parece que nasceu para ser a loira má do autor e promete sequências épicas. Mas tanto ela, como Sophie e Regina estão muito bem, ao mesmo tempo em que Nicolas Prattes mostrou um talento para se observar ao longo da trama.

Todas as Flores estreou mostrando o que o público da TV aberta vem sentindo falta desde o fim de Pantanal: o que é uma novela de verdade. Mas é preciso um parêntese pelo histórico do autor. Ele fez exatamente isso na primeira fase de Segundo Sol e depois, bom, a gente lembra bem.

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