Opinião

Atuação da Semana: Humberto Carrão em mais um trabalho acima da média

Ator chamou a atenção pela construção minimalista de Caco Barcellos


Humberto Carrão em cena de Rota 66
Humberto Carrão rouba a cena em Rota 66 - Foto: Reprodução/Globoplay

Humberto Carrão não é exatamente um ator recorrente, desses que a gente vê o tempo todo na TV. Ele tampouco é o tipo de artista performático e que enche a tela com caras e bocas em todas as cenas. Muito menos gosta de ser celebridade de última hora que está o tempo todo em sites de famosos ou nas redes sociais. Por tudo isso, é muito fácil se esquecer da existência e potência desse artista. Mas quando ele aparece em tela, principalmente em trabalhos que lhe dão oportunidade, como é o caso de Rota 66, o ator faz misérias.

Quando a plataforma de streaming da Globo lançou os quatro primeiro episódios da série baseada no livro homônimo, muita gente levou um susto. A divulgação da produção não foi o que o público está acostumado - o Globoplay ainda engatinha nesse quesito. Mas ao saber que a emissora contaria a história da investigação de Caco Barcellos sobre o caso da Rota, a polícia que mata, as antenas dos mais atentos se levantaram.

Desde o primeiro segundo em tela, Carrão compõe o repórter. Os dois não chegam a ser idênticos fisicamente, mas isso não é importante. A composição do ator chama a atenção porque ele parece uma espécie de clone do conceituado jornalista. Mesmo quem conheceu Barcellos apenas pelo Profissão Repórter nota as semelhanças.

Com personagens inesquecíveis como o Fabinho, de Sangue Bom (2013) ou, mais recentemente, em Amor de Mãe (2019), sabe que o perfil de Humberto é de interpretações quase sempre quentes, principalmente pelo tom de voz e pela respiração. Mas Caco é o oposto disso. Sempre visto como um jornalista de voz pausada, clara e até baixo, porque usa o microfone, ele é a antítese de outras composições de seu intérprete.

O olhar. Este é o ponto em que o telespectador deve olhar para Humberto Carrão interpretando Caco Barcellos em Rota 66. É ali que ele diz tudo que o personagem quer contar ao público. A urgência está sempre presente e o frenesi pela descoberta é vista pelos movimentos constantes de um lado para o outro. É como se ele próprio estivesse sob a mira da polícia do Rota.

Carrão entrega na primeira temporada dessa série uma interpretação forte e que engrandece um projeto gigante. Rota 66 é necessária e, feita com qualidade, ganhou status de produção importante para o Globoplay. Mas tudo isso só foi possível porque o protagonista entendeu que, em tempos de fake news e ataques, defender o jornalismo é também uma atuação potente. O jornalismo merece mais Caco Barcellos e a interpretação mais Humberto Carrão.

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