Pantanal: Último capítulo é machista e ignora Juma
Maior mocinha de todos os tempos foi tratada como figurante
Publicado em 07/10/2022 às 23:30,
atualizado em 07/10/2022 às 23:44
O último capítulo de Pantanal serviu para reforçar o que a obra original, da TV Manchete em 1990, já mostrava: Benedito Ruy Barbosa não gosta de Juma (Alanis Guillen). Maior mocinha de todos os tempos teve tratamento de figurante e sucumbiu à saga dos Leôncio, que sempre foi tratada como a história mais importante da narrativa.
Tanto em 1990 quanto em 2022, Pantanal é uma novela sobre José Leôncio (Marcos Palmeira) e seus filhos. Na primeira versão e agora no remake, Juma virou um fenômeno que roubou a cena e pegou a novela para ela. Não apenas pela interpretação profunda de Alanis Guillen, mas também pela força da personagem, que cai no gosto popular logo em suas primeiras aparições.
Juma levou a novela nas costas em muitos momentos. Seja quando virava onça, seja quando não se acostumou às mudanças do Rio de Janeiro. A mulher-onça nunca decepcionou e sempre que ocupou o papel de protagonista ganhou o Brasil. Não à toa, o amor dela com Jove (Jesuíta Barbosa) bateu todos os recordes de audiência e parou o Brasil.
Justamente por causa disso, a mocinha não merecia sofrer de machismo. Ela merecia mais e um último capítulo à sua altura. Com mais de uma hora no ar, a personagem feminina mais marcante da história das novelas brasileiras não havia aparecido nenhuma vez no último capítulo e não teve sequer uma fala, o que deve ser tratado como é: inaceitável.
Tanto Benedito Ruy Barbosa quanto Bruno Luperi não souberam lidar com a derrota. Os dois tentaram narrar a saga dos Leôncio e tiveram que engolir a lenda urbana da mulher-onça. Para castigar a personagem que roubou o que eles queriam, a esconderam no fechar das cortinas.
Não se trata de dizer que o capítulo derradeiro tenha sido ruim. Não foi. As sequências dos Leôncio foram todas emocionantes, principalmente o encontro de Tadeu (José Loreto) com o Velho do Rio (Osmar Prado). A contemplação da história também chamou a atenção por se chocar com o que se espera de uma reta final de tirar o fôlego, mas de forma muito positiva.
Juma teve de enfrentar o machismo de todos em Pantanal. Sejam os personagens que não entendiam, sejam o homem que é sempre mal, ou sejam os autores. E ela venceu todos. Por mais que Bruno Luperi tenha tentado, Pantanal não foi a novela de José Leôncio. Foi a novela de Juma. Ela é maior que a trama, goste ou não.