Opinião

Maíra de Todas as Flores tenta virar a mocinha mais sofrida do século

Protagonista da novela passou mais tempo chorando que feliz

Maíra chorou feito a Maria do Bairro - Foto: Reprodução/Globoplay
Por Daniel César

Publicado em 23/12/2022 às 04:41:00,
atualizado em 23/12/2022 às 15:07:59

Sophie Charlotte vem brilhando como a protagonista de Todas as Flores, mas o trabalho de composição da atriz passa também pelo texto minuciosamente trabalhado por João Emanuel Carneiro, autor da história. Com a primeira parte da novela do Globoplay já tendo sido exibida, fica nítido que a personagem caminha para figurar em boa posição no ranking das mocinhas mais sofredoras do século em nossa dramaturgia.

Em 45 capítulos, Maíra sofreu feito gente grande e isso não chega a ser novidade para o novelista. João Emanuel Carneiro é experiente em criar mocinhas vítimas das piores armações e maldades. Foi assim em Da Cor do Pecado (2003) com Preta (Taís Araújo) e com Toia (Vanessa Giácomo) em A Regra do Jogo (2015), chegando até Luzia (Giovanna Antonelli) em Segundo Sol (2017). Mas ao falar de mocinhas de JEC, ninguém sofreu mais que Donatela (Claudia Raia), de A Favorita (2008) e Rita (Mel Maia/Débora Falabella), em Avenida Brasil (2012). Até agora.

A personagem defendida por Sophie Charlotte vivenciou em tão poucos capítulos o que poucas protagonistas já suportaram na dramaturgia brasileira. Abandonada pela mãe ao nascer cega, viu o mundo desmoronar com a morte do pai, que ela nem desconfiava ter sido morto pela mãe, que voltou para levá-la de volta a fim de doar a medula para a irmã. Irmã essa que não apenas zomba de sua condição, como tentou matá-la do alto de um prédio, como armou um plano sórdido para fazer parece que ela roubou uma fortuna da empresa do homem que ama.

O sofrimento de Maíra, no entanto, vai muito além de pequenas armações. A mãe e a irmã, duas vilãs de primeira grandeza, tiveram a coragem de mandá-la para uma fazenda de pessoas escravizadas. Grávida, ela conseguiu fugir, mas acabou capturada novamente até ser tirada do local por Zoé (Regina Casé). Por que a mãe estava arrependida? Que nada, para mantê-la presa e controlada. Até o filho foi roubado de seus braços numa sequência fortíssima, talvez a mais pesada de 2022.

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A primeira parte de Todas as Flores chegou ao fim com Maíra fazendo uma cirurgia para recuperar a visão porque decidiu se vingar de Zoé e Vanessa (Letícia Colin) e ninguém sabe até onde ela será capaz de ir quando a novela retornar, em abril. Por se tratar de mocinha, a expectativa é que a vingança fique nos moldes do que Nina fez com Carminha (Adriana Esteves), embora dessa vez a produção não é para a TV aberta.

Mesmo que se transforme em tão má quanto o restante da família, Maíra já é uma das mocinhas que mais sofreu em pouco tempo dentro de uma novela. A personagem entra para o panteão de personagens em que se encontram a própria Donatela e Nina, além de Jade (Gioanna Antonelli), de O Clone (2001).

Mesmo assim, parece pouco provável que a mocinha de João Emanuel Carneiro roube o primeiro lugar da mais sofredora das mocinhas brasileiras no século XXI, a Maya (Juliana Paes), de Caminho das Índias. É esperar para ter certeza.





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