Publicado em 22/08/2022 às 19:35:00
A estreia de Mar do Sertão, nesta segunda-feira (22), mostrou uma nítida tentativa dos produtores: mirar em Cordel Encantado (2011). O maior sucesso do horário das seis no século XXI, no entanto, só foi uma nuvem de inspiração, tamanhos os equívocos na apresentação do primeiro capítulo. Mário Teixeira, autor da obra, e o diretor artístico, Alan Fiterman, não falaram a mesma língua e o que se viu foram sequências soltas.
Quem entende do formato sabe que o fundamental para uma obra é o lançamento. Novelistas chamam de "colocar a novela de pé", ou seja, definir o ritmo, o tom das personagens e trabalhar com o elenco. Nada disso foi feito e a disparidade estava nítida: parte dos atores e atrizes ia por um caminho, a direção de cena para outro, enquanto o roteiro pedia algo completamente diferente.
Não chega a ser uma surpresa a inspiração em Cordel Encantado. Mar do Sertão não foi uma sinopse aprovada por José Luiz Villamarim, mas os ajustes já passaram pela atual gestão. A novela de 2011 teve direção de núcleo de Ricardo Waddington, o atual chefão de entretenimento da Globo e referenciar um de seus maiores sucessos para tentar emplacar no horário não chega a ser preocupante.
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Mas, ao menos no primeiro capítulo, a sensação que se deu é que houve uma mudança brusca no estilo da novela e todo mundo ficou perdido. Enquanto as piadas ficaram soltas e espalhadas por todos os núcleos, mas sem funcionar como adereço, o drama não existiu. O trio de protagonistas foi apresentado numa versão light de Açucena (Bianca Bin), Jesuíno (Cauã Reymond) e Timóteo (Bruno Gagliasso), mas sem o mesmo apelo. O fato de que, em Cordel Encantado, a história de amor teve grande destaque, enquanto em Mar do Sertão, não foi possível sequer comprar a relação tão romantizada, e isso atrapalhou toda a intenção.
Mar do Sertão não estreou bem. A novela pode crescer e fazer os ajustes necessários. Mas é fundamental que as correções de rotas ocorram o mais rápido possível. Não dá para apostar em uma história dramática quando todo o elenco tenta fazer algum tipo de piada ou caricatura. Autor, diretor e executivos precisam decidir se querem ser Cordel Encantado. Caso queiram, é preciso entender que o fenômeno da década passada era um drama, não uma comédia. Quem sabe assim, seja possível melhorar.
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